segunda-feira, outubro 31, 2005

Defaut

Eu não vinha aqui há tempos não por falta do que dizer. As meninas andam filosofando furiosamente em suas cadeirinhas de carro, principalmente depois que contei a elas que, antes de me casar com o pai, eu era uma feiticeira que tinha cabelos compridos, voava numa vassoura e fazia bruxarias (aliás, fiz algumas poções com elas, como chá de erva-doce para dormir e camomila para deixar o cabelo de ambas douradinhos :o)
É que uma enxurrada de problemas desembocou na minha porta, de uma dívida de R$ 20 mil até uma dor crônica nas costas, passando pelo agravamento do Alzheimer do meu pai, enxugamento no escritório onde trabalho (e, conseqüentemente, mais trabalho para quem teve a sorte de garantir seu emprego) e uma crise interna que me fez perguntar "Mas que merda, o que eu estou com a minha vida?"
Mas eu aprendi que, quando a gente chega num limite, as coisas se encaixam naturalmente nos lugares ou tomam um rumo que você não tem como determinar. Descem junto com a correnteza e vão embora para um destino, para uma solução que você não tem o poder de evitar ou mudar.
Eu não tenho R$ 20 mil. Então, por mais que eu me desespere, não tenho como resolver. Resolvido está? Não, isso vai levar tempo, mais trabalho. Mas vai ser resolvido. O amanhã não será adiado porque simplesmente eu quero que assim seja. Tudo o mais vai pelo mesmo caminho. Existe um limite para a minha ação. Minhas prioridades são minhas filhas. Mais do que isso: elas são a única certeza que tenho na vida. Aconteça o que acontecer, elas serão minhas filhas.
O resto... é o resto. Vai passar.

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