quarta-feira, julho 31, 2013

Todo ouvidos

Você tá lá, uma profissional liberal certinha, limpinha, cheirosa e responsável, com seu livro contábil registrando o que vai sair e o que vai entrar de dinheiro no mês que começa amanhã. E - surpresa! - a coluna de créditos dá positivo. Beeeeeeeeem positivo. Você sussurra "Que bom que vai entrar um dinheiro extra!" e na mesma hora se arrepende.

Mas é tarde demais. Ele escutou. Porque duas horas depois pimba! Seu computador tem uma síncope e agora tá respirando por aparelhos.

Suzana, você não aprendeu NADA com a geladeira, com a TV e com o micro-ondas, né?

domingo, julho 21, 2013

Aquilo que desejas

Às vezes a gente quer tanto uma coisa, mas tanto, que quando ela acontece o desapontamento é gigantesco.
Porque, no fundo, a gente não queria que acontecesse.
E só percebe isso quando começa a doer.

Aos 47



Então né? 50 - 3 e contando.

domingo, julho 07, 2013

Túnel do tempo

"Pois eu quero me casar virgem." "Pois eu quero transar muito antes de morar com alguém." Num nanossegundo você vai até o passado distante, quando uma dizia tocovelos e a outra usava macacão com rabinho de elefante, e no nanossegundo seguinte você volta pra mesa, onde o garfo está ali, parado na frente da sua boca. Transar. O garfo parado. Metaforicamente, ele nunca mais vai sair dali.

sábado, julho 06, 2013

De fábrica, mas com opcionais

Biscoitos: cookies cobertos de chocolate, água e sal, recheados de morango
Bolo: chocolate, ameixa, banana
Suco: uva, laranja, manga
Carnes: carne, peixe, frango
Verduras: nenhuma, espinafre, alface
Legumes: batata, cenoura, xuxu
Batata: Purê, assada, frita
Xampu: cabelos oleosos, cabelos secos, cabelos normais
Absorventes: sem aba, OB, com abas
Fluxo menstrual: pouco, muito, médio
Desodorante: rollon, spray, em creme
Maquiagem: pouca, nenhuma, diversas opções
Cores: frias, quentes, todas
Sono: pouco, muito, interminável
Fome: pouca, normal, incomensurável
Café da manhã: nenhum, normal, gigantesco

Se eu tivesse dinheiro contratava um personal family pra organizar essa joça. Porque fazer supermercado, arrumar o banheiro ou preparar o almoço é um roteiro de Além da Imaginação. Ou a prova de que, se eu não enfartei aos 40, não vou ter um derrame aos 50. 

sexta-feira, julho 05, 2013

Há 12 anos

Cabelos jamais podem ser presos, porque são a moldura do rosto. Prendê-los só em ocasiões especiais ou quando a profa de ginástica obriga. Ou eu, porque o espetáculo de vê-la comendo com as melenas lambendo o macarrão ainda não está (nem nunca estará) em cartaz aqui em casa.

Todo dia à noite "ir pra cama" se insere num ritual sagrado: a escolha do tema. Eu mesmo não entendia o que era isso, até que eu vi com meus olhinhos que a terra há de comer. O "tema" é o que determinará toda a montação, o look, a cartela de cores, os acessórios. É a inspiração do dia que a acompanhará até a noite, quando outro tema será escolhido.

Então. "Escolhi para amanhã o tema 'flores campestres'." Isso quer dizer que rosas não entram. Os brincos são margaridinhas, as pulseiras, verdes e nude e a de berloques de joaninhas. "Não vou usar colar porque vai ficar over", mas no cabelo (solto) brilhará a fivela (uma roseta multicor feita de filó em torno de um brilhante rosa). O make é básico: lápis coral claro, sombra rosa pálido (levemente dourada, se o dia prometer sol) e, na boca, um gloss levemente rosado. Pra dar uma incrementada no visual, esmalte verde (ela aprendeu a fazer sozinha as unhas em uma tarde).

Eu tenho um moedeiro onde guardo meu rímel, dois batons e três cores diferentes de gloss, além de um lápis de olho nunca usado. Zé Colméia tem uma necessaire com uns quatro batons, um gloss e um estojo de sombras. Catatau tem uma caixa de ferramentas com maquiagem (só de lápis de olho são nove, sendo três pretos, de espessuras diferentes, para áreas diferentes do olho), acessórios para cabelo, pulseiras, anéis, brincos e colares. Tudo organizado por uso, cor e tendência.

E ela leva, todas as manhãs, dez minutos para se arrumar.

Mesmo com toda essa produção, ela sai de casa exatamente como ela é: uma menininha fofa e redonda,  usando uma saia curta, esmalte preto e fivela de bolinha no cabelo. Que diz "Mãe, amo ser periguete!" mas tem vergonha de falar no telefone. Que tem eternamente três meninos brigando por ela desde os quatro anos, mas é amada pelas meninas.

Essa é minha Catatau, há 12 anos. Feliz aniversário, querida. Mamãe ainda tem guardadas muitas fivelas de ursinho - não se preocupe por elas quebrarem tão facilmente. Aqui tem mais.