sexta-feira, junho 22, 2012

O que não nos mata...

... nos fortalece. Há meia hora voltei do supermercado carregada. Sozinha na calçada, fui me desviando do pessoal arrumado, cheiroso e fashion indo para o cinema, beber, namorar. E eu abaixei a cabeça e segui. Houve um tempo que isso doía, e muito, Hoje, não. Porque, infelizmente, a gente se acostuma. A achar que mãe é assexuada. Que dona-de-casa dorme cedo, se depila e faz as unhas em ocasiões especiais e só compra roupa quando necessário. Compra de impulso, só para os filhos. O dinheiro guardado é para gastar com coisas úteis, em emergências, no futuro. Porque, sejamos francos, virando o cabo dos 45 anos, o futuro não é tão comprido, tão longo assim. Não é tão promissor.

O que não nos mata nos fortalece. Eu hoje comprei um perfume para mim. Vagabundo, pequeno, comum, entre tantos vagabundos, pequenos e comuns expostos naquela prateleira do supermercado. Mas é meu. Meu supérfluo. Minha besteira, meu dinheiro jogado fora - mas um dinheiro que jamais foi tão bem empregado, em toda a minha vida.

quarta-feira, junho 20, 2012

Há 13 anos




Ela odeia (ou "Vaza, mãe"):

Tomar café da manhã;
Roupa apertada/piniquenta/curta (aka minissaia e qualquer-coisa-de-lastex);
Dormir cedo;
Que falem mal de Crepúsculo e de todos os envolvidos, sejam atores/equipe técnica ou qualquer um que esteja a pelo menos 245 passos de separação do casal Robsten;
Creme de milho;
Matemática;
Usar aparelho.

Ela ama (ou "Que mico, mãe!"):

Brincar de Barbie, Polly, Littlest Pet Shop (mas tem vergonha);
Sair pra passear pela casa empurrando carrinho de boneca com a irmã (mas tem vergonha);
Sentar no meu colo pra ganhar um monte de beijos (mas tem vergonha);
Quando eu falo bem alto o seu apelido (mas tem vergonha);
Ver as fotos de quando era bebê (mas tem vergonha);
Que eu arrume a mochila e borde seu nome nas bolsas, nas necessaires, nas bolsas com material da ginástica (mas tem vergonha);
Que eu lembre como ela é linda e fofa e cheirosa e meiguinha (mas tem vergonha).

Os 13 melhores anos da minha vida. Parabéns, minha flor. Mesmo sendo agora Maria para o mundo, você ainda é - e sempre será - minha Zé Colméia.

quarta-feira, junho 13, 2012

A Deus pertence

O que é preciso fazer. Às vezes só em pensar você se sente esmagada - a palavra é essa, esmagada - pela lista de tarefas. Mesmo que esteja de olhos fechados, deitada na cama, no escuro, e são 3h17m da madrugada e você não consegue dormir porque a lista de coisas a fazer não termina. E se o dia tivesse 60 horas ainda sim a lista não ia diminuir.

Saí da revista - em boa hora, porque ela não anda bem das pernas e era isso ou isso. O dinheiro ganho (não foi muito) já foi quase todo em roupa para as meninas (sutiãs, calcinhas, sapatos, calças compridas), no tratamento do cachorro, na troca inadiável do encanamento do banheiro. E então passo hoas debruçada sobre o orçamento familiar vendo o que é possível cortar, remanejar, adiar, desistir. Ver se é vantajoso levar o empréstimo pedido numa urgência médica para um banco com juros menores ou se gasto menos tirando as meninas do integral e fornecendo as refeições em casa.

Na outra planilha, o andamento do projeto. A seleção dos livros. O modelo do site. A estratégia de divulgação. A escolha dos textos das colunas. Os planos a curto, médio e longo prazo. Os anunciantes. A pergunta que não quer calar: o quanto ele tem que render pra eu, ao menos, fechar as contas no fim do mês.

segunda-feira, junho 04, 2012

Mão na massa

Começar um negócio é começar uma vida. É rearrumar a rotina, realocar prioridades. Mas mesmo nesse turbilhão de ideias, de coisas-a-fazer, mesmo nessa necessidade urgente de trocar pensamentos doidos com a minha sócia - sim, eu tenho uma sócia, tão sonhadora como eu e de um tal grau de maturidade e doçura que eu me sinto feliz por ter arrumado tempo pra responder àquela mensagem de ajuda pra um trabalho - eu sinto falta de ter alguém que me pergunte "E aí, o projeto está andando?".

Lista de livros, modelos de sites, relação de profissionais que preciso contatar. Meu armário está com cupins, o pedreiro me abandonou (e a mim, que fiz juras de amor eterno a ele, só sobraram sacos de areia) e a operação desapego continua furiosamente em andamento.

Quase 46 anos, e contando.