sexta-feira, maio 18, 2012

Quarto do pânico

O que mais tem me impressionado nesses últimos dias é o quanto eu acumulei. Essa é a palavra: acumulei. Não joguei nada fora. As desculpas foram variadas, infinitas - criativa e largamente usadas nos últimos 15 anos da minha vida. "Depois eu vejo isso, quando tudo acalmar depois do casamento", "Eu posso precisar disso logo, logo", "Não dá pra fazer tudo ao mesmo tempo, com um bebê em casa", "Não dá pra separar nada do jeito que eu estou enjoando/inchando/ parindo", "Não tenho tempo nem pra comer com duas crianças tão pequenas e mais o emprego", "Não quero mexer nada, só deixar o divórcio passar", "Trabalhando feito uma condenada não quero nem pensar em arrumação nos fins de semana", "Quando as meninas forem mais crescidas eu encaro essa arrumação", "Tenho que perder só cinco quilos pra isso caber de novo", "Essas saias custaram uma fortuna, com certeza vão voltar à moda", "Eu não tenho ainda um orfanato que realmente esteja precisando dessas doações", "Não tenho quem leve toda essa louça embora", "Não quero me desfazer por enquanto dessa cama", "Não acho quem desmonte e aceite consertar essa casinha de madeira das meninas", "Não estou com saco de mexer nisso".

O quarto onde eu montei meu escritório na casa dos meus pais agora vive trancado. Ele guarda atrás da porta 15 anos de total e absoluta inércia sobre o que fazer com o que não me serve mais - objetos, roupas, sapatos, móveis, louças, eletrodomésticos,  lembranças, objetivos, desejos acumulados e que eu não sei nem por onde começar a me desfazer.

Um comentário:

Lud disse...

Posso dar uma sugestão?

Nem vai lá ver. Passa a chave para alguma instituição de caridade/escola/hospital e diz pra esvaziarem o quarto.

Se você não precisou até agora, não vai precisar mais. Sabe a energia que você ia gastar na seleção? Direciona pro futuro.

Boa sorte!