terça-feira, outubro 25, 2011

Pra debaixo da terra

Eu sempre ouço que gente que frequenta (adoro isso: "frequenta") o metrô é povo mais educado (aka não-pobre). A editora fica em Ipanema, na Praça General Osório - berço da Feira Hippie, perto do Arpoador: enfim, internacional. Todo santo dia eu vou de metrô - a ver:

Quando a porta do vagão abre sai todo mundo correndo. Eu ainda não entendi nem o porquê nem pra quê. Pra pegar lugar na janelinha da escada rolante?

Moças finas que usam roupa de marca e tomam banho de perfume de grife - porque é melhor você morrer sufocada numa nuvem de Dior do que numa de desodorante Axé, é isso?

Moças & rapazes finos que fingem dormir pra não dar lugar pra velhinha. Ou, pior: dão lugar pra velhinha branca e maquiada, mas esquecem a preta enrugada e cheia de bolsas que está voltando do batente e vai em pé até a Pavuna.

Quem se encosta no poste e impede quem quer que seja de segurar ali.

Quem traz farnel pra comer no meio do vagão lotado e enche as cercanias de farelos & poças de suco.

Hours concours: o bobalhão que dá aquela corridinha (ou, o mais inexplicável, fica no bolo do mulherio na pontinha da plataforma) e entra no vagão das mulheres. Sempre tem um - SEMPRE - em cada estação. E lá vai o guardinha retirar a criatura que fingiu que não viu que só tem mulher lá dentro - lá dentro do vagão pintado de cor-de-rosa, parado na plataforma indicada por uma gigantesca faixa cor-de-rosa escrito VAGÃO DAS MULHERES em dois idiomas. E são quatro as respostas:
"Eu não vi"
"Eu não sabia"
"Foi sem querer"
"Desculpe"

Seu filho fala isso, não fala?

quarta-feira, outubro 19, 2011

Bateu à porta

Então. Emprego novo. Editora executiva de uma revista de arte. The boss.
A redação é minúscula, mas a dona da revista falou não quero nem saber como você vai administrar isso: confio no seu taco porque a gente tem que fazer dinheiro, entendeu? Entendi. A revista é o máximo, um luxo (de verdade) e verte prejuízo por todos os cantos - da lombada ao índice. Porque quem estava aqui antes de mim era uma moça adorável que pendurou um monte de gente na folha de pagamento, riscando com nanquim (aqui é tudo chique, já disse) e bico de pena a palavra "custo" do dicionário encapado de pelica vermelha.

Mas é o máximo. Trabalhar em equipe. Fazer as coisas do meu jeito. Falar com pessoas que me olham na altura dos olhos. Discutir design, fotografia, tendências da arte contemporânea brasileira. Óbvio que eu já criei uma bela seção de livros com três colunas.

É claro que algumas coisas entraram na roda - esse meu Breviário é exemplo. Abandonado, carente. Eu tinha planos para ele - e também para o Leitura Seminova. Pra este eu vou migrar os textos do meme de livros, e quem sabe botar mais alguns lá - pelo menos, um por semana.

Felicidade.

Credo

Cof, cof!
Quanta poeira!
Aaaaaa...tchim!