Lendo um dos posts que a Renata escreveu - que fala das pessoas que escrevem para colunas de orientação médica e legal que todo jornal tem - fiquei, como dizer? - triste em ver como todos os comentários riam disso. Ah, sim, o texto é engraçado, e os comentários refletem a dúvida (quase uma piada) que a Renata expôs no fim: "Por que as pessoas continuam escrevendo esse tipo de carta para os jornais, se a resposta sempre é 'procure o seu médico'?"
Eu respondi: "As cartas não são falsas. Elas chegam naqueles envelopes aéreos, escritas a caneta (os mais caprichosos batem à maquina) e com a letra meio torta. Muitas com erros de português.
Sabe, desculpe, mas não é engraçado. O jornal publica apenas o essencial, mas quando você lê a carta toda nota que dali se desprende uma imensa solidão. São pessoas de meia-idade que não querem se mostrar dependentes dos filhos, vão ao médico sozinhas e ouvem um "vamos ver depois dos exames" que não explica o porquê da visão dupla, da dor no pescoço, dos vômitos constantes.
É o cara que fez a duras penas o Primeiro Grau, tem um emprego e um plano de saúde meia-boca cujo médico tem que atender muita gente, R$ 24 por cabeça.
As respostas às cartas são, na verdade, uma maneira de clarear a visão que o leitor tem de sua doença. Mas houve casos em que o médico me ligou e disse: 'Essa pessoa que escreveu essa carta está com câncer no estômago. E, pelos sintomas, é terminal. Como o médico dela não explicou nada?' E o que você faz?
É triste - uma pessoa que tem que recorrer à seção de um jornal para que alguém diga, finalmente, de que maneira ela poderá viver nos próximos meses."
Altas horas da noite ou naqueles momentos mortos do fim de semana, todo repórter de plantão já recebeu uma ligação de uma velhinha que quer comentar alguma notícia, ou perguntar o que vai ser a capa do jornal no dia seguinte. Me lembro de uma em particular que dizia que tinha sido "namoradinha" (palavras dela) do Roberto Marinho. Uma vez a seção do jornal em que eu trabalhava recebeu uma carta de uma moça de São Gonçalo endereçada à editora. Ela pedia apenas que minha editora respondesse "porque eu não tenho ninguém com quem conversar e preciso disso muito." Gente que não tem dinheiro pra pagar advogado ou um especialista e já enfrentou a humilhação de ficar horas à espera de um estagiário que acha tão divertido tirar duas horas de almoço. Ou é tratado feito incapacitado pelos filhos, ou tem vergonha de contar àquele médico tão cheio de pose que o remédio de R$ 200 não funcionou.
E você sempre se sente culpado porque simplesmente não pode resolver o problema que realmente está nas entrelinhas daquelas cartas.
sexta-feira, setembro 28, 2007
quinta-feira, setembro 27, 2007
Eu confesso que...
... chegando altas horas da noite em casa, a difícil escolha entre comer ou tomar banho é resolvida rapidamente: dormir sem nem escovar os dentes.
Mais mistérios inexplicáveis do sobrenatural
O autor do livro é português. O diretor é brasileiro. Entre os muitos colaboradores há uma produtora brasileira. Boa parte do filme será rodada em São Paulo. Metade da equipe é de brasileiros.
Alguém pode me dizer por que todo mundo chama o filme de "Blindness" (até o Fernando Meirelles no seu blog, que está sendo escrito em português) e não "Ensaio sobre a cegueira"? E não me venha com essa história de que "é uma produção internacional". Antes de estrear aqui todo mundo já falava de "O jardineiro fiel". O livro em que esse filme é baseado é de um inglês (John le Carré), e nem por isso você dizia que ia ver a "The constant gardener".
Velhice, rabugice etc. É, tô sabendo.
Alguém pode me dizer por que todo mundo chama o filme de "Blindness" (até o Fernando Meirelles no seu blog, que está sendo escrito em português) e não "Ensaio sobre a cegueira"? E não me venha com essa história de que "é uma produção internacional". Antes de estrear aqui todo mundo já falava de "O jardineiro fiel". O livro em que esse filme é baseado é de um inglês (John le Carré), e nem por isso você dizia que ia ver a "The constant gardener".
Velhice, rabugice etc. É, tô sabendo.
terça-feira, setembro 25, 2007
Mistérios inexplicáveis do sobrenatural
Eu tenho uma agenda e dois cadernos de anotações. Checo meus e-mails pelo celular. Na geladeira tenho, escrita em duas folhas de papel A4, a rotina das crianças - que sabem de cor endereços e telefones de emergência e dos parentes, além de terem decorado as dosagens e os nomes dos remédios que mais usam.
Mantenho atualizado um cadastro de serviços de entrega em domicílio (incluindo 24 horas), cooperativas de táxi e moto, entregas expressas (municipais, estaduais e nacionais), agências de viagens, colaboradores (babás, cozinheiras, faxineiras, motoristas) etc.
Todo o material necessário para o meu trabalho pode ser acessado através de qualquer computador.
Todo e qualquer documento referente à minha saúde, à saúde das meninas e à saúde dos cachorros (receitas, cadernetas de vacinação) estão guardados em pastas.
Então por que tudo acaba ficando para os 48 minutos do segundo tempo da prorrogação da final?
Mantenho atualizado um cadastro de serviços de entrega em domicílio (incluindo 24 horas), cooperativas de táxi e moto, entregas expressas (municipais, estaduais e nacionais), agências de viagens, colaboradores (babás, cozinheiras, faxineiras, motoristas) etc.
Todo o material necessário para o meu trabalho pode ser acessado através de qualquer computador.
Todo e qualquer documento referente à minha saúde, à saúde das meninas e à saúde dos cachorros (receitas, cadernetas de vacinação) estão guardados em pastas.
Então por que tudo acaba ficando para os 48 minutos do segundo tempo da prorrogação da final?
quinta-feira, setembro 20, 2007
...
Mistérios inexplicáveis do sobrenatural
Por que o cabelo de toda demonstradora de tintura é tenebrosamente mal pintado, seco e sem corte?
Por que toda atendente de salão de cabeleireiro responsável pela depilação de sobrancelhas tem as suas medonhamente desenhadas?
Por que toda atendente de salão de cabeleireiro responsável pela depilação de sobrancelhas tem as suas medonhamente desenhadas?
quarta-feira, setembro 19, 2007
Imaginemos...
... que você pega o elevador na garagem. Entra, aperta o seu número e fica ali encostada no fundo. Aí de repente entra um dos pedreiros que estão fazendo obras no telhado do edifício. O cara tá imundo, com aquelas roupas esfarrapadas de pedreiro. Tá um calor danado e ele não está cheirando exatamente a jasmim recém-colhido. Ele vem carregando um montão de coisas (incluindo um saco de cimento branco debaixo do braço) e você, educada, pergunta: "Vai para o último andar?". E olha pra ele. E ele é lindo.
Lindo.
E ele diz um "É, o último." E sorri. E, pasmem, o sorriso também é lindo.
Lindo.
Eu desci também no último andar. É o andar do apartamento dos meus pais.
E então, imaginemos... Sei lá o que imaginemos. Tô passada até agora.
Lindo.
E ele diz um "É, o último." E sorri. E, pasmem, o sorriso também é lindo.
Lindo.
Eu desci também no último andar. É o andar do apartamento dos meus pais.
E então, imaginemos... Sei lá o que imaginemos. Tô passada até agora.
segunda-feira, setembro 17, 2007
UK rocks!
Um dia a Cris me perguntou quem era Helen Mirren - essa atriz que eu conheci numa das primeiras temporadas de "Prime suspect". Eu sempre achei que, tirando meu ex-marido, a audiência dessa série inglesa no Brasil fosse inexistente. Continuo sem saber se tem mais gente que prefere esse estilo mais seco e humano de errar dos ingleses ao salto alto da polícia americana.
Porque os ingleses erram a lot. Hoje eu sou viciada em "Life on Mars" - e estou desoladérrima em saber que a série só tem duas temporadas. Não por falta de audiência, mas porque, acredito eu, o tema central se perderia se a série tivesse oito temporadas. No meio do caminho ia ter gente perguntando "Mas como ele foi parar aí, mesmo?". A primeira temporada terminou agora, e como eu perdi alguns episódios vou começar a perguntar na locadora se eles vão comprar a caixa da primeira temporada.
Séries policiais inglesas são melhores do que as americanas por um fator fundamental: o policial que tem cara de fodão (desculpem o palavrão mas é essa a cara de um policial americano - AKA Horatio Caine em "CSI: Miami") é tããããão sacaneado! Coitado. Porque policiais ingleses são homens torturados, cheios de conflitos porque têm que ser certinhos em nome de Sua Majestade e, ao mesmo tempo, sabem ser muito, mas muito fdp - mais do que os americanos (e olha que eu assisto também "The Shield", com os policiais mais fdp da TV).
Tomemos "Criminal minds". Eu já eviscerei a net buscando o nome do seriado inglês* que passava num Hallmark Channel da vida que tinha essa premissa: um cara que ajudava a polícia buscando pensar como o assassino (eram sempre assassinos, cada um mais doidão que o outro). Ele ficava no meio do departamento de polícia, escrevendo num imenso quadro. Enquanto os policiais corriam fazendo o trabalho braçal, ele ia anotando as pistas nesse quadro e, depois, se sentava em frente a ele e ficava somente... pensando. E muitas vezes ele deduzia alguma coisa que se mostrava, depois, muito, MUITO errada. No primeiro episódio a gente sabe que ele, antes de começar a fazer esse trabalho para a polícia, estava trancado num manicômio (não me lembro o porquê).
Bem, isso pra dizer que ele não tinha aquele ar de "minha mente fervilha de pensamentos obscuros" que aquele policial de "Criminal minds" tem. Não tinha equipe tecnologicamente up nem ninguém usava seus celulares de maneira tão frenética. Mas era viciante. Porque a gente sabia que o cara que estava analisando a mente do criminoso estava tentando (a palavra é essa: tentando) interpretar as pistas e sinais que o assassino largava pelo caminho - e, dessa maneira, ficar um passo à frente dele. A capitã, chefe de polícia, às vezes concordava, às vezes discordava, às vezes entrava bem (um dos erros do psicólogo quase fez milady falecer no banheiro, com a garganta cortada). Os policiais muitas vezes levavam na galhofa o que ele achava, muitas vezes não diziam nenhuma palavra: levantavam e iam seguir a pista que ele indicava.
Agora que "Life on Mars" acabou, vou ter que começar a procurar outro policial inglês pra me viciar.
* Update: A Solange me deu o nome dessa série: é "Wire in the blood", já vai entrar na quinta temporada e agora passa na HBO. Aqui você vê o thriller de estréia. Eu te amo, Solange :o).
Também quero!
My Peculiar Aristocratic Title is: Lady Madame Suzana the Omnipresent of Pigotts Sty Get your Peculiar Aristocratic Title |
Eu sou madame, você não é, eu sou madame, você não éééé!!!
quinta-feira, setembro 13, 2007
terça-feira, setembro 11, 2007
Oh my God, oh my God, oh my God, it's him!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Eu já falei aqui que gosto muito de um cantor anos 70/80/90 que, para mim, é uma das mais belas vozes que eu já ouvi. Então. Eu freqüento algumas comunidades sobre ele (o que eu também já falei aqui) e a discussão agora é "Deixem o cara em paz, porque ele quer garantir sua privacidade". Ok, concordo. Não estou interessada na marca de macarrão que ele gosta, se ele tem uma filha ou o que a mãe disse antes de morrer nos braços dele - mas quem começou a discussão ainda acrescentou "DJs, repórteres, mídia em geral, parem de perguntar se ele vai voltar para a banda."
E aí vamos por partes. Os fãs continuam comprando os "Greatest hits" que a Sony lança a cada ano (o próximo é um "Hits Plus" que deve sair até o fim do ano) - só um deles vende 500 mil cópias anuais, sem contar os "Essencial", "Best Balladas" and "Special box" da vida. Existem comunidades no Orkut, fóruns em profusão, sites para troca de músicas e fotos e todo aquele yadda yadda de fã.
O sonho de todos os fãs da banda é ver seu vocalista-mór de volta. Fãs que se metem em batalhas sangrentas por músicas não-lançadas, por fotos antigas (nooossa, essa briga é de lascar; todo mundo pega fotos nos sites & blogs de todo mundo, mas uns e outros acham que uma vez achado não é roubado e tascam um "Property of XXX" na foto e ai de quem reclamar), por shows inéditos. Tópicos são lacrados quando a baixaria rola (e muitas vezes rola mesmo). E quando este ano a banda despede seu vocalista atual nenhum jornalista vai correr lá e perguntar "Mister, agora você volta?"?
O sentimento que eu tenho é que ser fã é uma coisa muito louca. Todos são mais reais que o próprio rei. Não se pode falar em absoluto sobre a vida pessoal da reverenda criatura, mas todas se sentem à vontade para comentar, com desenvoltura e nos mínimos detalhes, o que ele tem dentro das calças e fazer fotomontagens da joalheria do moço, carinhosamente apelidada de "Lefty" (o "moço" hoje soma 58 anos and a half).
Ele é meu e ninguém tasca - "Eu estudei com ele e ele me pedia para jamais cortar meus louros e longos cabelos"; "Eu fui apresentada a ele por um amigo há 15 anos", "Eu o vi tomando café da manhã e ele é sooooooooooooooooo cute!"... Os fóruns são aldeias medievais sempre em guerra umas com as outras. São precisos codinomes, senhas, identidades duplas, comportamento de agente secreto numa Alemanha dividida pelo Muro se você quiser sobreviver neles (e, se conseguir, parabéns: uma vez lá dentro é muuuuito divertido ver como o mundo, mesmo com a alardeada globalização, tem tantas e profundas diferenças culturais). Eu, por exemplo (junto com outra fã brasileira), sou alvo de inveja profunda por falar português - o dito é de família portuguesa.
E o homem continua, impávido colosso, assinando fotos e encartes de CDs onde aparece jovem, com sua camiseta característica, seus cabelos longos, em pleno ato de alcançar aquelas notas maravilhosas.
Se ele volta? I hope so.
E aí vamos por partes. Os fãs continuam comprando os "Greatest hits" que a Sony lança a cada ano (o próximo é um "Hits Plus" que deve sair até o fim do ano) - só um deles vende 500 mil cópias anuais, sem contar os "Essencial", "Best Balladas" and "Special box" da vida. Existem comunidades no Orkut, fóruns em profusão, sites para troca de músicas e fotos e todo aquele yadda yadda de fã.
O sonho de todos os fãs da banda é ver seu vocalista-mór de volta. Fãs que se metem em batalhas sangrentas por músicas não-lançadas, por fotos antigas (nooossa, essa briga é de lascar; todo mundo pega fotos nos sites & blogs de todo mundo, mas uns e outros acham que uma vez achado não é roubado e tascam um "Property of XXX" na foto e ai de quem reclamar), por shows inéditos. Tópicos são lacrados quando a baixaria rola (e muitas vezes rola mesmo). E quando este ano a banda despede seu vocalista atual nenhum jornalista vai correr lá e perguntar "Mister, agora você volta?"?
O sentimento que eu tenho é que ser fã é uma coisa muito louca. Todos são mais reais que o próprio rei. Não se pode falar em absoluto sobre a vida pessoal da reverenda criatura, mas todas se sentem à vontade para comentar, com desenvoltura e nos mínimos detalhes, o que ele tem dentro das calças e fazer fotomontagens da joalheria do moço, carinhosamente apelidada de "Lefty" (o "moço" hoje soma 58 anos and a half).
Ele é meu e ninguém tasca - "Eu estudei com ele e ele me pedia para jamais cortar meus louros e longos cabelos"; "Eu fui apresentada a ele por um amigo há 15 anos", "Eu o vi tomando café da manhã e ele é sooooooooooooooooo cute!"... Os fóruns são aldeias medievais sempre em guerra umas com as outras. São precisos codinomes, senhas, identidades duplas, comportamento de agente secreto numa Alemanha dividida pelo Muro se você quiser sobreviver neles (e, se conseguir, parabéns: uma vez lá dentro é muuuuito divertido ver como o mundo, mesmo com a alardeada globalização, tem tantas e profundas diferenças culturais). Eu, por exemplo (junto com outra fã brasileira), sou alvo de inveja profunda por falar português - o dito é de família portuguesa.
E o homem continua, impávido colosso, assinando fotos e encartes de CDs onde aparece jovem, com sua camiseta característica, seus cabelos longos, em pleno ato de alcançar aquelas notas maravilhosas.
Se ele volta? I hope so.
segunda-feira, setembro 10, 2007
Sim
Eles não estão em "Nova Noiva"; não precisam de buquês artísticos nem foram feitos por fashion designers de Nova York. Eles são apenas lindos, antigos - e parecem recém-saídos de uma caixa, desembrulhados de uma nuvem de lavanda e papel de seda.
Ivory taffeta, organdy and satin, circa 1870
Charmeuse e pearl beaded lace, circa 1910
Lace with peplum and train, circa 1935
Deco patterned lace and satin, circa 1935
Beaded and embroidered voile, circa 1965
Mais vestidos aqui.
Meu sonho desde menina era me casar vestida de noiva. Podia servir qualquer vestido de noiva. Aí eu cresci e meu desejo era me casar com o vestido de noiva da minha mãe.
Eu me casei grávida, com um vestido marrom e branco, no cartório. Meu casamento faliu, mas eu ainda guardo, no fundo das minhas lembranças amareladas, o desejo - agora convertido em capricho - de me casar com um vestido de noiva antigo.
Ivory taffeta, organdy and satin, circa 1870
Charmeuse e pearl beaded lace, circa 1910
Lace with peplum and train, circa 1935
Deco patterned lace and satin, circa 1935
Beaded and embroidered voile, circa 1965
Mais vestidos aqui.
Meu sonho desde menina era me casar vestida de noiva. Podia servir qualquer vestido de noiva. Aí eu cresci e meu desejo era me casar com o vestido de noiva da minha mãe.
Eu me casei grávida, com um vestido marrom e branco, no cartório. Meu casamento faliu, mas eu ainda guardo, no fundo das minhas lembranças amareladas, o desejo - agora convertido em capricho - de me casar com um vestido de noiva antigo.
sábado, setembro 08, 2007
... para sempre
- Oi, queria saber a que horas eu posso pegar as meninas.
- Não sei, estou na emergência do hospital, a [...] quebrou o dedo mindinho do pé.
- Bom, então quando acabar aí me avisa.
Paternidade - que piada.
- Não sei, estou na emergência do hospital, a [...] quebrou o dedo mindinho do pé.
- Bom, então quando acabar aí me avisa.
Paternidade - que piada.
quarta-feira, setembro 05, 2007
Cegueira branca
(E quer saber? Se numa cena destas alguém ficar olhando para o fundo da sala para procurar erro de continuidade, merece encontrar. Um baita esforço deste para nêgo vir dizer que não gostou do filme porque o barbudinho atrás da Julianne desapareceu no segundo contraplano? Give me a break!).
"Ensaio sobre a cegueira" foi o primeiro livro que eu li do Saramago - e carrega uma fieira de simbolismos em minha vida. E não falo da escrita.
Foi minha introdução ao mundo português guiada por meu ex-marido. Tal como no título e carregando no clichê, estava eu reclinada em flores, uma recèm-casada plena de alegrias, esperanças e ilusões. Me lembro de estar terrivelmente grávida, uma barriga gigantesca andando loucamente atrás do Saramago na Bienal do Rio.
Além de marcar o início do meu casamento, "Ensaio sobre a cegueira" me traz a imagem da encosta de uma colina, por onde Saramago suavemente começou a descer em sua carreira literária - caminhando devagar, aproveitando um sol de primavera e uma brisa morna. Sem pressa, sem trauma. Apenas... caminhou verde encosta abaixo. Cada vez menos gostei do que ele escreveu depois desse livro estupendo.
O que me chamou atenção, mais do que a cena do fogo-fátuo no depósito do supermercado, foi o cão das lágrimas. Assim como o cão das escadarias de São Crispim em "História do Cerco de Lisboa", sempre aquela sombra, sempre aquela figura que, quando menos se espera, está ali.
Sua grandeza e sua importância se resumem a isso: ele sempre só está... ali.
"Ensaio sobre a cegueira" foi o primeiro livro que eu li do Saramago - e carrega uma fieira de simbolismos em minha vida. E não falo da escrita.
Foi minha introdução ao mundo português guiada por meu ex-marido. Tal como no título e carregando no clichê, estava eu reclinada em flores, uma recèm-casada plena de alegrias, esperanças e ilusões. Me lembro de estar terrivelmente grávida, uma barriga gigantesca andando loucamente atrás do Saramago na Bienal do Rio.
Além de marcar o início do meu casamento, "Ensaio sobre a cegueira" me traz a imagem da encosta de uma colina, por onde Saramago suavemente começou a descer em sua carreira literária - caminhando devagar, aproveitando um sol de primavera e uma brisa morna. Sem pressa, sem trauma. Apenas... caminhou verde encosta abaixo. Cada vez menos gostei do que ele escreveu depois desse livro estupendo.
O que me chamou atenção, mais do que a cena do fogo-fátuo no depósito do supermercado, foi o cão das lágrimas. Assim como o cão das escadarias de São Crispim em "História do Cerco de Lisboa", sempre aquela sombra, sempre aquela figura que, quando menos se espera, está ali.
Sua grandeza e sua importância se resumem a isso: ele sempre só está... ali.
segunda-feira, setembro 03, 2007
É pra acabar
Assim: se você quer terminar aquele relacionamento mas não sabe como (a gente sempre tem aquelas coisas de "não ferir os sentimentos dele" e outros surtos incuráveis) nem gosta de armar brigas homéricas, aqui vão umas dicas gastronômicas inestimáveis (pensadas na fila do banco):
- Coma bastante manga. Daquelas cujo apelido é "fiapo". Não esqueça do sorriso "Mozinho eu te amo" depois.
- Jabuticabas, note bem, devem ser mordidas com a boca entreaberta para garantir que a maior parte do sumo seja expelida à velocidade da luz no olho do amado.
- Se a opção é fast food, bata pé e vá de Bob's. Não se esqueça de pedir Bob's Burguer (e exija uma porção extra do molho verde para garantir que, na primeira mordida, o tomate caia no seu colo, a alface descambe à esquerda e a carne voe direto à frente, na camisa dele.)
- Peixe é sempre uma excelente opção. Quanto mais espinhas, melhor. É uma visão inesquecível observar o ser adorado vasculhando o interior da boca à procura daquela espinha inconveniente.
Update: Já mandaram um "Mas e o alho?" Alho é muito óbvio; você pode comer doses industriais mas NÃO NA FRENTE DELE. Porque aí fica óbvio o que você quer - e você é tudo menos óbvia, não é? Então. Coma muito, mas MUITO alho - jamais na frente dele. E não se preocupe que a ação alhística se fará sentir no doce aroma de meias não lavadas com queijo mofado que emanará de você quando começar a transpirar (porque você não sua, meu bem. Você transpira). Uma fungada no seu cangote porá nocaute o amado-mas-nem-tanto sem noção.
- Coma bastante manga. Daquelas cujo apelido é "fiapo". Não esqueça do sorriso "Mozinho eu te amo" depois.
- Jabuticabas, note bem, devem ser mordidas com a boca entreaberta para garantir que a maior parte do sumo seja expelida à velocidade da luz no olho do amado.
- Se a opção é fast food, bata pé e vá de Bob's. Não se esqueça de pedir Bob's Burguer (e exija uma porção extra do molho verde para garantir que, na primeira mordida, o tomate caia no seu colo, a alface descambe à esquerda e a carne voe direto à frente, na camisa dele.)
- Peixe é sempre uma excelente opção. Quanto mais espinhas, melhor. É uma visão inesquecível observar o ser adorado vasculhando o interior da boca à procura daquela espinha inconveniente.
Update: Já mandaram um "Mas e o alho?" Alho é muito óbvio; você pode comer doses industriais mas NÃO NA FRENTE DELE. Porque aí fica óbvio o que você quer - e você é tudo menos óbvia, não é? Então. Coma muito, mas MUITO alho - jamais na frente dele. E não se preocupe que a ação alhística se fará sentir no doce aroma de meias não lavadas com queijo mofado que emanará de você quando começar a transpirar (porque você não sua, meu bem. Você transpira). Uma fungada no seu cangote porá nocaute o amado-mas-nem-tanto sem noção.
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