Essa é a história não de um, mas de dois gatinhos que subiram no telhado. O namoro tinha começado havia dias. Obviamente, ninguém da vizinhança dormia, mas tudo o que importa nessas horas é o amor. L'amour. Então. Os dois gatinhos viviam numa casa com mais dez bichanos. Nenhuma privacidade.
A gata era linda, linda. E o gatinho tinha ciúmes dela. Uma noite, ele sugeriu: "Que tal irmos para o telhado? Está uma noite linda, não muito fria, e teremos a lua como companhia!" A gatinha cedeu. Afinal, ele era charmoso, bonitão, e ainda por cima trazia uma coleirinha vermelha que era tudo. Subiram então os dois. No meio do caminho a gata, num acesso de timidez e pudor, pediu para que fossem para o forro, porque não se sentia bem exposta. O gato, querendo que a vizinhança comprovasse seu poder de sedução, não gostou muito da ideia.
"Vamos para o telhado, amor", insistiu ele.
"Quero ficar no forro", teimou ela.
"Telhado", disse ele.
"Forro", retrucou ela.
Ele pegou-a pela pata, tentando levá-la para cima. Ela tentou se desvencilhar, puxando a pata para baixo. Nessa luta os dois se desequilibraram e caíram da viga onde estavam.
E atravessaram o forro.
E se estatelaram no meio do meu quarto, no meio de uma nuvem de poeira de 137 anos e pedaços de madeira.
Essa é a história triste de como uma noite, que começou com "miaus" melancólicos, se transformou num festival de "miarrrrrrrr" e "psttstststststst!" e terminou com um buraco gigantesco no teto do meu quarto. E as pessoas não entendem por que eu detesto gatos.
Então. É por isso.
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