sábado, novembro 21, 2009

2010

Eu tenho um caderno lindo, artesanal, que recebi de presente de aniversário de uma amiga querida. Então, todo ano (já se vão quatro) eu escrevo, numa página, o que eu quero realizar no ano seguinte. Não faço isso nos últimos dias do ano. Faço isso quando acho que o ano corrente já deu o que tinha que dar.

Então. Na folha do ano passado, entre o principal eu disse que queria estar disponível para encontrar amor, quitar todas as minhas dívidas médias e conseguir um emprego. A primeira coisa eu quase consegui, a segunda vou realizar em dezembro e a terceira eu já risquei da lista.

Muita coisa miúda ficou, ainda. "Limpar meu armário", "Livrar-se de tudo o que eu não uso na cozinha", "Dormir cedo" e "Usar todos os cremes que a dermatologista mandou" (consegui não voltar lá para terminar meu tratamento, veja você) são alguns dos itens que serão rolados ano novo abaixo.

Entre os principais para o ano que vem estão "Pintar a casa", "Reformar os móveis", "Brincar mais com as meninas", "Organizar minha agenda para ter fins de semana livres". No pé desta lista há um item que não sei se vou realizar já em 2010 - ou se vou chegar a realizar, algum dia: "Comprar uma boxer - Nome: Tarsila".

quarta-feira, novembro 18, 2009

Mea culpa

Por algumas poucas semanas, eu tive um amigo que me ligava para falar um monte de abobrinhas. Um dia pedi, de maneira carinhosa e sutil como um caminhão de feira descendo sem freios uma ladeira, que ele falasse coisas sérias, também. Eu não dei valor às abobrinhas. Ao contrário daquelas que a gente pica e entope de tempero, abobrinhas na comunicação são saborosas por si só. Necessárias, até.

Eu ria muito. Atendia o telefone sorrindo, desligava mais leve. Hoje, ele não me liga mais. E eu sinto uma falta abissal dele e das abobrinhas que ele falava.

Tinha razão, meu amigo. Você pode me perdoar?

sábado, novembro 14, 2009

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Apresentei queixa-crime. Minha advogada vai entrar com ação de responsabilidade civil (ou coisa que o valha).
Hoje vou ver uma casa pra alugar, em Santa Teresa - mas lá no alto. No meio do mato.
Hoje fez uma semana. Não fez diferença nenhuma.
Trabalho casa, casa trabalho.
E só.

quarta-feira, novembro 11, 2009

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Eu sempre me lembro de você, meu amigo. Até porque queria saber a receita, o remédio, a maneira, o truque, o pulo-do-gato, o segredo, o macete, a chave tão bem guardada para fazer com que pare de doer. Um dia.

Porque eu poderia tê-la levado mais cedo no veterinário. Podia ter cedido ao vizinho. Ou não ter me ausentado de casa no fim de semana. Podia ter prestado mais atenção e visto que era muito mais sério do que eu pensava. Não deveria ter tentado resolver sozinha. Não deveria ter postergado. Não deveria ter esperado.

Não devia.

Às 13h30m o rapaz do crematório passou na clínica. "A senhora pode deixar que eu vou cuidar bem dela." "Eu vou junto." "Mas ela vai ser cremada com outros animais - por que a senhora não se despede aqui?" "Eu quero cremação individual. E eu vou junto." Ela foi dentro de um saco de lixo, preto. Havia outros dois animais na traseira do carro - um deles ainda na gaiolinha. Ilha de Guaratiba. Chegamos lá perto das 16h. Um calor infernal. Não vi quando a levaram. Eu sei que foi covardia, mas me escondi do outro lado do carro.

O lugar é pequeno, mas bonitinho. Algumas sepulturas de cães e gatos. Branquinha, Fofocão, Suling, Mimi, Thor. "O rapaz está ajeitando tudo, e quando estiver preparado ele vai chamar pra senhora se despedir dela." E eu fiquei andando pelo jardim. E ouvi o crematório a todo vapor. Ele não me chamou. Eu estava criando coragem para dar um beijo nela, coragem pra não me assustar de tocar o pelo gelado.

Nada. Duas horas depois, eu toda suada e picada de mosquitos, ouvi quando ele desligou o fogo e começou a quebrar as cinzas. Batia tentando não fazer tanto barulho, mas era como se marretasse alguma coisa. E eu ouvia as pedras se quebrando. Minha cadela branca e dourada, sempre tão macia e morna, agora era cinza dura e incandescente. "Já está pronto." A urna era de MDF, sem pintura. "A pintada custa mais caro." Escolhi uma, ajeitei o saco plástico com laço verde dentro da caixinha. Saí, peguei uma kombi caindo aos pedaços até a estrada principal. Eram seis da tarde, e armava-se um temporal. Dali peguei um ônibus até a Barra, a caixinha fazendo marca no colo porque, sabe, eu não queria chorar. E o seco dentro do peito era mais doloroso do que qualquer outra coisa.

Desci na Barra às 20h. Mais calor. Peguei o ônibus do metrô - e lembrei que não havia mais ração em casa. Tinha esquecido de encomendar. Às 22h, saltei no Largo do Machado e entrei no supermercado. A caixinha ajeitada dentro do carrinho de compras. Saí com minha cadela querida há oito anos arrumada numa sacola de plástico.

Perto das dez horas, cheguei em casa. Dei comida aos cachorros. Silêncio na casa do vizinho. Estava sem água em casa. Mas não teve importância porque, como em toda situação-clichê, a que saiu de dentro de mim madrugada adentro me bastou. Pelo menos, naquele momento.

No domingo, peguei as meninas na casa de uma coleguinha - a mãe, sabendo da situação, levou as duas para a casa dela. Saímos para almoçar. Passeamos. De noitinha, trouxe-as para o apartamento dos meus pais e contei a verdade. E elas choraram. "Mãe, posso falar palavrão? Por favor, mãe." E desfiaram os três palavrões que elas sabem vezes sem conta. "Mamãe, está doendo tanto aqui dentro. Por que dói tanto?" A morte deixou de ser filme de pou-pou, como Zé Colméia diz, e deslizou para dentro da realidade das duas.

Elas ainda choram durante o dia. Eu choro. Os cachorros não entendem como deixei um estranho entrar e levar embora a companheira dos dois. Ficam nervosos quando eu saio. Ainda esperam que ela volte.

Eu também.

sábado, novembro 07, 2009

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Minha cadela morreu esta manhã, às 8h46m, de falência renal e insuficiência cardíaca.
Meu vizinho fez um BO contra mim por calúnia e difamação.

Há muito, muito tempo não me sentia tão sozinha, desamparada e perdida como agora.

sexta-feira, novembro 06, 2009

Update

Atualizando o povo:

Minha cadela está muito melhor, depois de ter passado os últimos dias no soro. Foram seis bolsas, e hoje ela conseguiu comer um pouquinho. Os rins foram para o beleléu, mas a veterinária disse que é questão de tempo eles se recuperarem. Ela deve ir pra casa amanhã.

Em contrapartida, a R$ 150 o dia de ambulatório, mas R$ 60 de consulta, mais R$ 60 de transporte mais remédios... Fazendo as contas... E vão dois... E tira quatro...

Segundo dia sem água. Dormimos no apartamento dos meus pais. Com o calor, nem peguei roupa, porque no apartamento eu estava guardando um vestido preto (jamais usado). Surpresa: o decote é gigantesco. Abissal. E eu tinha reunião com o dono da editora. Então, na hora do almoço, tropecei (literalmente) com uma jovenzinha peruana vendendo uns xales na calçada da Rua da Quitanda. R$ 13. Foi o que evitou que eu derramasse meus peitos sobre a mesa de reunião. Porque você sabe, quero vencer na empresa usando talento e inteligência.

quinta-feira, novembro 05, 2009

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Pra quem acha que eu exagero:

Na terça-feira, primeiro dia de trabalho, saí de casa com um dos cachorros mal se aguentando em pé. O que eu achei que era só mal estar por causa do calor começou a piorar de tal maneira que passei o dia (repetindo: primeiro dia de trabalho) tentando achar o veterinário. Nada.

À noite, o bicho estava lá em cima no terraço, no meio das bananeiras. Achei que estava morto. Nem levantava a cabeça. Desci com o dito nos braços (+ ou - 30 quilos) uns 40 degraus. Evacuava sangue, o pobrezinho. Passei a noite dando soro caseiro. Ontem, desci com ela (é a boxer) e onde eu a deixei encontrei-a no fim do dia, já com o ajudante de uma veterinária que tem um carro/ambulância. Toca com a pobre pro Flamengo, onde ela rapidamente entrou no soro glicosado, antibioticado & outros ados. Diagnóstico: envenenamento. Um doce pra adivinhar quem foi.

Nesse meio tempo, o pai das meninas me liga (17h45m; elas saem às 18h30m) dizendo que, infelizmente, ele está resfriadinho e não vai poder pegá-las na escola. Então eu ligo para uma alma caridosa para buscá-las. Saí da clínica veterinária às oito e meia da noite cansada, vomitada, cagada e suada. Peguei as meninas e fui pra casa. Surpresa! Não tinha água. Tomamos as três banho de água mineral que eu tinha estocado. Uma garrafa de 1,5 litro para cada uma.

Plano B rules, ever.

terça-feira, novembro 03, 2009

Primeiro dia

Lojas Magal
Livraria da Travessa
Melissa
Andarella
Uncle K
Confeitaria Colombo
Saraiva Megastore
Renner
C&A
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Assim é que eu aceitei esse emprego para, no fim do mês, pedir esmola ali na entrada do metrô da Carioca - porque hora de almoço, minha gente, não foi feita em absoluto pra se comer, não é mesmo?

domingo, novembro 01, 2009

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Uma nova e reluzente vida começa para mim na terça-feira.
E confesso que estou absolutamente apavorada.

Mãe

Meu celular tem uns dois anos e começou, coitado, a ter uns troços - tipo, eu abro e todas as palavras e números estão escritos invertido, como num espelho. Então eu fui na loja da operadora, munida com meus pontos & vales & brindes & descontos para ver que celular eu poderia pegar digrátis pra economizar o conserto (ou, pelo menos, jogá-lo lá pra frente).

Peguei esse. Adivinha quem está usando o novo e quem está com a latinha velha?