quarta-feira, outubro 31, 2007

Rio 354626374888,7 graus

Hum... Com licença... Oi?
Deus?
Dá pra fazer um pouco mais de calor? Sabe o que é, eu usei henna faz dois dias e como no começo ela escorre quando o cabelo está molhado... Bem, eu estou suando marrom dourado-avermelhado mas até agora só pingou atrás das orelhas. E ninguém está vendo. Dá pra aumentar a fornalha? Aí o suor escorre da testa e todo mundo pode ver a mulher que sua - ops, transpira. A mulher (Educada. Fina. Fashion. Essa sou eu.) que transpira colorido.
E dá pra ser pra hoje?
Valeu.

segunda-feira, outubro 29, 2007

Mais um dia

O encontro era megaüberplusimportante. Então, acordei de madrugada pra tomar um belo banho, escolher a roupa com cuidado (atenção para a blusa com ares japoneses adquirida num brechó "sou-antenada-sou-chique-E-sou-pão-dura" de cetim fosco verde), dar um upgrade na fachada e arrumar o cabelo - que está comprido o suficiente pra eu finalmente usar meu palito de laca vermelha pra prender um coque. No escuro consegui me arrumar e arrumar as meninas. Saímos amanhecendo de casa. Despejei meus tesouros sonolentos na escola e rumei pro Recreio.

O motorista do táxi me olhava pelo retrovisor de tempos em tempos, e minha auto-estima ia às alturas. "Puxa vida, tô bonita, tô maquiada, tô penteada e tô cheirosinha. Resumindo, tô podendo."

Saltei do carro, chequei a montação (nada esburacado, nada manchado de pasta de dentes, nada com fio puxado, nada do avesso, nenhuma bola-de-rímel-no-canto-do-olhos, dentes ok) e fui confiante. Atravessei uma enorme praça, entrei no prédio, esperei na fila do elevador e adentrei o dito de queixo em pé.

Meu andar era o último - o 28º. Sozinha, me virei para dar uma última ajeitada nas sobrancelhas - e descobri que estava com um pincel das meninas, de cabo vermelho e ainda grudado de tinta, a prender meu coque estiloso.

quinta-feira, outubro 25, 2007

Aliás

Tinha...



... mas acabou.



Roubei daqui, via Marinex - aquela que é à prova de choque e olho gordo.

quarta-feira, outubro 24, 2007

Pensamentos despenteados para dias de temporal*

Odeio luz artificial. Quando chove torrencialmente e não há santo que mande o sol faço tudo na penumbra. Têm coisas, momentos, dias que a gente não deve estragar com insignificâncias civilizadas, como luz elétrica.

Redescobrir músicas que não achávamos assim grande coisa (ouvíamos sem entendê-la) é a afirmação inegável que nos tornamos melhor com o passar dos anos (com raríssimas exceções, reconheço).

Eu tenho uma blusa (uma bata, para ser mais exata) que eu visto quando acho - acho, não tenho certeza - que engordei. É batata: é entrar no vagão do metrô e alguém dar lugar pra grávida. Assim sendo, há duas semanas azeitei esteira, halteres, supinos & remos. Eu, que nunca tive barriga, sinto-me frontalmente (com trocadilho e redundância) afrontada.

Descobrir livros de que ninguém ouviu falar é a afirmação inegável que a gente se torna mais seletivo com o passar dos anos (com raríssimas exceções, reconheço).

De todas as coisas boas que um bom namoro traz, uma única me faz uma falta atroz: aquele momento, milésimos de nanossegundos, que antecede um beijo terno.
Principalmente em dias assim, de temporal.

* Thanks, Nemo ;o)

terça-feira, outubro 23, 2007

Fúria e folia

Na praça aberta sou um colar de livres pensamentos...
Eu trabalho para o nada espalhado pelo chão.

I love rock 'n' roll





I saw him dancin' there by the record machine
I knew he must a been about seventeen
The beat was goin' strong
Playin' my favorite song
An' I could tell it wouldn't be long
Till he was with me, yeah me, singin'

I love rock n' roll
So put another dime in the jukebox, baby
I love rock n' roll
So come an' take your time an' dance with me

He smiled so I got up and' asked for his name
That don't matter, he said,
'Cause it's all the same

Said can I take you home where we can be alone

An' next we were movin' on
He was with me, yeah me

Next we were movin' on
He was with me, yeah me, singin'

I love rock n' roll
So put another dime in the jukebox, baby
I love rock n' roll
So come an' take your time an' dance with me

Said can I take you home where we can be alone

An we'll be movin' on
An' singin' that same old song
Yeah with me, singin'

I love rock n' roll
So put another dime in the jukebox, baby
I love rock n' roll
So come an' take your time an' dance with me

* Estou te esperando :o)

Spam nosso de cada dia*

Um dia quiseram ver quem era o melhor: o MacGyver, o Jack Bauer ou o Capitão Nascimento.

Chegaram pro MacGyver e falaram: "A gente soltou um coelho nessa floresta. Encontre-o mais rápido que os outros e você será considerado o melhor!" MacGyver pegou uma moeda de 5 centavos no chão, um graveto e uma pedra e entrou na floresta. Demorou 2 dias pra construir um detector de coelhos na floresta e voltou no terceiro dia com o coelho.

Daí chegaram pro Jack Bauer e falaram a mesma coisa. Ele entrou correndo na floresta, e 24 horas depois apareceu com o coelho. Durante a operação, desarmou 5 bombas nucleares, recuperou 10 armas químicas, escapou de um navio cargueiro e foi pra China matar 100 terroristas.

Pediram então para o Capitão Nascimento ir buscar o coelho. Se ele demorasse menos de 24 horas, seria o melhor. E ele respondeu:

- Tá de sacanagem comigo, 05? Ce tá de sacanagem comigo? Você acha que eu tenho um dia inteiro a perder com essa porra de coelho, 05? Tu é um mo-le-que! MO-LE-QUE, 05!!!
Virou para a floresta e gritou:
- Pede pra sair! Pede pra sair, cambada!

Em menos de cinco segundos, já tinham saído da floresta 300 coelhos, 20 jaguatiricas, 50 jacarés, Robin Hood, 1000 paca-tatu-cotia-não, o Shrek e uma preguiça correndo a 40 km por hora.

Daí ele gritou:
- 02, tem gente com medinho de sair da floresta, 02! Tem gente com medinho de sair da floresta, 02!!! 07, traz a "ponto 30".

Nisso, o Bin Laden saiu da floresta. Chorando.

* Peguei no blog da Rê que, junto com outra Re(nata), consegue espantar meu mau humor - porque, rapaz, nem eu estou me agüentando mais.

segunda-feira, outubro 22, 2007

...

Antigamente, planos profissionais frustrados botavam lenha na fogueira do meu empenho - um "não rolou" era suficiente para me fazer trabalhar em dobro e conquistar em triplo.

Hoje, um "não" me paralisa. E eu me vejo em pé, no meio do fogo, sem saber o que fazer - esperando que caia do céu a chuva providencial que, obviamente, não virá.

sexta-feira, outubro 19, 2007

...

Meu advogado ligou pra avisar que na primeira semana se novembro é a audiência de julgamento da pensão de alimentos para as meninas.

Sabe, é como um processo criminal, em que você conta, fala, narra o que aconteceu, conta mais uma vez, explica e tira centenas de cópias e elabora uma dúzia de dossiês provando que 2.654.384.647.897.004 despesas x 83.987.888.789.980 contas não dará jamais os R$ 300 pagos de pensão para duas meninas.

Cansa, desgasta, tira o sono e acaba gerando aquela vontade de jogar tudo pro alto e dizer "Já banquei até hoje, continuo bancando". Mas aí vem a lembrança dos fins de semana trabalhando feito uma condenada, os sapos engolidos a seco, os pagamentos atrasados (como já virou costume todos os meses, longe ficou o teórico dia 5 para o fictício recebimento da nota), os programas não realizados, as roupas não compradas, os livros e CDs deixados de lado. Os dias de andar até em casa, as mentirinhas contadas para as meninas quando a falta de dinheiro adia até mesmo o picolé na esquina. Eu lembro disso tudo e vejo o relógio novo no pulso, a calça diferente, o carro novo, as novidades que as meninas contam sobre a casa nova do pai no condomínio perto da praia.

Vingança e ressentimento jamais deveriam servir de incentivo para nada nem ninguém.

terça-feira, outubro 16, 2007

Eu odeio...

... publicidade em geral e publicitários em particular. Não tudo e todos, é óbvio. Mas não sei porque, sempre tenho a impressão que todos se consideram semideuses que sabem o que é melhor pra mim. Acreditando piamente que o que eles bolam é original e, pior, condizente com o mundo em que vivemos. E não, não estou falando das mulheres e homens maravilhosos dos sempre-iguais anúncios de perfumes Givenchy/Chloé/Carolina Herrera & similares.



Estou falando do Bernard chegando em casa e dizendo "A minha família não é diferente da sua: a gente também faz compras." Eu queria saber em que supermercado, porque sacolas de papel não são usadas no Brasil há 20 anos (aliás, personagens de anúncios que vão ao supermercado têm um que é só deles; ninguém chega em casa carregando sacolinhas de plástico vagabundo que de tão finas são usadas umas dentro das outras).



Estou falando daquela mãe que assiste, impávido colosso, o filho detonar uma camiseta pra fazer uma bandagem no pé enlameado da pobre menina que torceu o pé - se acontecesse na vida real, ela ia descer a encosta descabelada gritando "Mas que diabos ('diabos' se ela fosse uma mãe controlada; se mais normal fosse era 'merda', mesmo) você está fazendo com a sua camiseta?!??!??".



Estou falando de anúncios que não tem pé nem cabeça quando o assunto é o cliente, mas a assinatura da agência é de grife - e a gente faz um malabarismo mental pra ligar a história da lágrima com o cartão de crédito: a pessoa chora quando vai ao teatro e a lágrima só apareceu porque a pessoa conseguiu comprar o ingresso com o cartão de crédito?



Estou falando dos anúncios que mostram a mulher (leeenda) acordando e fazendo compras e passeando com a filha e indo pro trabalho (pasmem, ela é médica - e de hospital) e malhando numa esteira e saindo à noite pra jantar e emendando numa festa e chegando em casa ma-ra-vi-lho-sa porque toma a suplemento vitamínico X. O dia dela também deve tomar, porque ali não tem nem morta 24 horas. Pelo menos, não terrestres.

Só pra ficarmos em TV.

E se você vier me falar de conceito juro que bloqueio o seu IP!

As imagens eu peguei aqui - um blog muito legal onde você pode ver boa propaganda - sim, ela existe.

quinta-feira, outubro 11, 2007

Farra de madrugada

Quando criança, era esperar Papai Noel.
Quando pré-adolescente, era assistir è entrega do Oscar escondido.
Jovem, resumia-se a experimentar um barzinho novo a cada noite, usando a roupa comprada numa Yes, Brazil da vida pela manhã (Fórum de Ipanema, ever)
Adulta, era transar horas, tomar café da manhã e ir trabalhar sentindo que a calçada era a passarela da Victoria's Secret - cabelos e pele na capa da Vogue inglesa.
Hoje, é assar e confeitar dois bolos de chocolate até as quatro da manhã - e dormir em cima do teclado do computador.

Decadência, acho, é a palavra perfeita para esta ocasião.

Destino



"Todas nós somos princesas", disse Catatau
"E quando crescemos viramos rainhas", acrescentou Zé Colméia.
"E quando ficamos velhas?", perguntei eu.
"Aí seremos fadas", explicou uma. "Ou bruxas", completou a outra.

Espero que nada disso se perca (apenas fique guardado com carinho dentro delas) quando minhas filhas forem adolescentes de calças de cintura baixa, esmalte de uma cor inexistente na natureza e viciadas em algum cantor.

quarta-feira, outubro 10, 2007

Só um instante

Eu sempre te ouvi, sempre te amei. Sempre estive aí.
Mas, apesar de meu coração se recusar a admitir, eu nunca serei grande o bastante.
Isso é tudo o que tenho e te dou.
Mas para você, serei sempre seu antigo e pequeno,
Jamais amor.


Perdido nos meus guardados. É engraçado como doeu escrever isso - e aí você se lembra o quanto gostou dessa pessoa, mas alguma coisa se perdeu, acabou, ficou pelo caminho. Foi-se.
E é bom que assim seja.

segunda-feira, outubro 08, 2007

Fotógrafos II - Bruce Davidson



"Time of change" (a serie).



"Brooklin Gang" (a serie).



"Central Park" (a serie).

Logo ali



Uma das coisas que eu mais amava fazer era andar debaixo de temporais, principalmente para pensar num problema aparentemente sem solução (porque, como minha avó dizia, "sem solução, solucionado está"). E descobri que adoro ouvir músicas em que se pode ouvir o barulho da chuva caindo.

Ah, é. O fim do ano está chegando.
É.

N'alma




(Hoje de manhã) "Mãe, já te disse hoje que te amo demais?"

(Sábado, pelo telefone)"Nossa, quando te vi na rua... Jamais imaginei que você ia conseguir ficar mais bonita do que já era."

(Semana passada)"Pelos seus exames, seus pulmões estão ok. Mas olha lá, hein?"

(Por e-mail, há alguns meses)"Eu só queria dizer que, naquele dia, eu devia ter ficado. Terminar com você foi a maior merda que eu poderia ter feito na minha vida. Por causa do que eu fiz perdi você e a reboque, meus amigos e tudo de bom que eu vivi na faculdade. Poderia ter sido tudo diferente, não é? Um arrependimento que eu vou levar pro resto da vida."

quinta-feira, outubro 04, 2007

Eu confesso que...



... apaixonada®, usava uma twin-lens Rolleiflex 6x6 com filme Ilford 100 ASA pra fotografar a respiração dele nos momentos em que ele se perdia no mundo e se ausentava sem me perceber.

Copyright ® Elesbão

quarta-feira, outubro 03, 2007

Se você quer emocionar alguém...



... escreva uma carta (Australia Post)

Porque ainda existe (muita) vida inteligente no mundo da publicidade que consegue vender de maneira tão delicada um conceito antiquado como escrever cartas.

Ah, eu escrevo. Principalmente para as minhas filhas - elas têm sua própria caixa de correio, pregada na casinha de madeira na varanda.

Peguei aqui.

Eu odeio...

Inspirada na Cris e insuflada pelo meu mau humor, inauguro aqui a série "Eu odeio":

... velhinhas que atrapalham a passagem. Esse seria o nome da minha banda de rock, se eu formasse uma. Sabe? Imagina: a velhinha, ainda sacudida e fofinha, entra no ônibus cheia de sacolas de todos os tamanhos (e sempre tem uma de O Boticário, pode reparar. Nova ou usada, sempre tem uma). Inúmeros cavalheiros e cavalheiras oferecem o lugar. Ela não quer: "Vou saltar logo!" E sorri e se ajeita perto da porta com um milhar de sacolinhas pelos pés, caindo pelo corredor, por sobre o pobre que está no banco onde ela se segura. Ah, a velhinha é gordinha. Não goooorda: fofa.

Bom, ela fica ali, o ônibus vai enchendo e ela atrapalhando quem entra e quem sai - todo mundo se espremendo pra não amassar a Velhinha & seus Pacotes (ótimo nome pra outra banda de rock. Mangue beat. Anota aí.). Aí ela pede ao gentil jovem cheio de cadernos e livros e mochila pesada & precariamente equilibrado ao lado dela que ele puxe a cordinha do sinal que ela vai descer. Vai andando, pedindo licencinha entre sorrisos - atrás dela tem um mooonte de gente também se preparando pra descer, naquele movimento de troca de lugar das massas em ônibus cheio. Ela faz que desce mas não desce, se vira pro motorista e pergunta: "Tem um ponto mais perto do lugar tal?" O motorista responde: "Tem, sim". "Ah, então eu vou descer lá."

E volta pro lugar, e o motorista fecha a porta e já começa a partir antes de ouvir os gritos da turba que quer descer mas não pode - porque no caminho tem uma Velhinha que Atrapalha a Passagem.

Eu odeio Velhinhas que Atrapalham a Passagem.