sexta-feira, agosto 31, 2007

Eu... preciso

Gente, o Papel Pobre acabou.
Como eu vou viver sem a sabedoria de Katylenny Beezmarck?
Como???

Até que a morte...

Estava eu contando para uma amiga que, nos dias em que a faxineira vem ao apartamento dos meus pais eu não consigo trabalhar porque ela fala sem parar. E disse a ela que estava com saudades dos meus pais se engalfinhando em silêncio. "Ah? Explica, amiga". Então:

Minha mãe tá costurando na sala com tudo espalhado na mesa. Vem meu pai, estica o braço e empurra tudo prum canto só. Ela pára, olha e empurra de volta. Ele pega coisa por coisa e vai botando num canto. Ela vai botando de volta no lugar. Ele suspira, levanta e vai na cozinha. Ela volta a costurar. Ele acende um cigarro sabendo que a fumaça vai pra sala. Ela levanta com cara de nojo e abre a janela. Ele volta e abre o jornal por cima das coisas dela. Ela rapidamente começa a tirar as coisas de debaixo do jornal e vai botando num canto da mesa. Ele vai pegando e botando de volta no lugar onde estavam. Ela suspira, deixa a costura na mesa e vai pra outra sala. Ele abre o jornal todo pra ler em cima da mesa. Ela abre o janelão da sala. O vento carrega o jornal dele. Ele desiste e dobra o jornal e vai ler no quarto.

Só quem treina quase 50 anos consegue começar e terminar uma briga cheia de picuinhas e implicâncias no mais absoluto silêncio.

Em outra dimensão do tempo/espaço

Da Folha Online:

"Antonio Fagundes, que não queria fazer novela tão cedo, foi convencido pela Globo a entrar em "Duas Caras", que substituirá "Paraíso Tropical". De bigode e com tatuagem (falsa) no braço, o ator será líder de uma favela."

terça-feira, agosto 28, 2007

...

Poucas das minhas virgindades deixaram saudades - mas uma me faz uma falta danada: a do meu cabelo.

sexta-feira, agosto 24, 2007

Terceira infância

- Pra que você tirou da mesa? Eu disse que ia usar!
- Disse nada! Não falou nada disso!
- Falei, sim! Falei, sim!
- ...
- Carácoles, vocês não podem ficar um minuto sem discutir e brigar?

- Não tenho nada pra fazer.
- Vai ler um livro - tem tantos aqui...
- Ah, não quero. Eu tô é com vontade de comer um doce, um chocolate...
- Mas não encheu o chocolate depois do almoço? Não dá pra comer toda hora, né?
- Mas eu não tenho nada pra fazer...

- Mas criatura pra que você mexeu nisso? Eu acabei - A-CA-BEI! - de arrumar!
- Mas eu não estava achando as minhas revistas...
- Sabe, eu PRECISO trabalhar e não dá pra ficar arrumando essa mesa toda santa hora!

As meninas? Ah, tão na escola. Mas meus pais não sossegam UM MINUTO!

Nelson Rodrigues ever

Se inveja matasse seria um sururu ali na Glória, por volta das 18h, quando eu caísse preta e dura no meio das mesinhas do Amarelinho.
Sem dar um pio. Sem nem um ai. É ver as tulipas suando e póf!
Morri.

...

É impressionante como as pessoas são doces ao telefone quando querem um contato importante - e com que rapidez batem o telefone na sua cara quando finalmente você fornece o número.

Voltando

Hoje eu botei uma das minhas 54.638.575.837.575 saias e uma blusinha branca basiquinha. Aí tô eu no elevador subindo e reparando o quão descabelada eu ando pela rua quando notei. Lá, debaixo do sutiã. Ele. O pneu, a dobra maldita, o acolchoado do demo.

E me peguei pensando no tempo em que eu lavava, à falta de xampu esquecido de ser reposto, meu cabelo com o ODD maçã verde da pia da cozinha e como minhas melenas ficavam macias e ma-ra-vi-lho-sas. Quando eu ensaboava o rosto com sabonete vagabundo do banheiro da faculdade e minha cútis brilhava sedosamente digna de um comercial da Clinique. Quando eu fumava, comia gordura, açúcar, refinados, dormia sem escovar os dentes às cinco da manhã vinda da noite em algum antro, tomava sol feito uma demente e era a gostosa do Posto 9 em Ipanema.

E me olhando ali, de frente ao espelho do elevador, 41 anos na cara e no corpo, só consegui ouvir a voz do Marlin, em "Procurando Nemo": "Você acha que pode fazer todas essas coisas mas você NÃO PODE, Nemo!"

Adeus, banana com Nescau.

quarta-feira, agosto 15, 2007

Por aí

Como eu não recebi, parei de trabalhar. Achei um pacote de Miojo (validade: janeiro 2007 - pelo menos é deste ano) e estou navegando pela net enquanto o Financeiro não me liga pra dizer que o depósito doi feito.

Ontem à noite, já com aquela megainsônia instalada e sem computador em casa, o jeito foi passear via controle remoto. E não é que você encontra umas coisas assim, super? Então:

- O cara mais macho naquele clipe de "Bad" é o Michael Jackson. Palavra.

- Tudo de delicious ver filmes velhos, como "Cinco dias de um verão", com o "o-asilo-de-idosos-é-aqui-em-casa" Sean Connery ou filmes desconhecidos, como "Relatives Values", com o Colin Firth e a Julie Andrews.

- Não se deixe enganar em "Caçadores de fantasmas", no SciFi. Eles trabalham no Roto-Rooters (sim, no primeiro, único e legítimo Roto-Rooters!) de manhã, mas à noite eles integram a Taps (não sei o que quer dizer a sigla), caçando fantasmas, manifestações paranormais & que tais com a aparelhagem mais modernosa que eu já vi. Ontem o chefão tava reclamando que um técnico perdeu um dos tripés de uma das quatro câmeras - reclamava e guardava os laptops da equipe (só num dos casos eles eram oito). Então tá.

- Gentem, clipe do Eurythmics com participação especial do John Malkovich e do Hugh Laurie é muito pro meu coraçãozinho.

- Gene Simmons. Em "Rock School" o homem ensinou meia dúzia de inglesinhos, alunos de uma escola de música eruditérrima, a formarem uma banda heavy metal (e ele ainda diz no começo que usa mais maquiagem e saltos mais altos que sua mamy :o). E "Family Jewels" é de cho-rar de rir. Muito.

- O canal FoxFashion é o mais longo e chato desfile de moda que eu já assisti. Ninguém fala, ninguém comenta, ninguém nada. Entre um desfile e outro, anúncio de cruzeiros marítimos com uma mulher sussurrando ao fundo. Mas eu aprendi quem é RoccoBarocco. As roupas dele são leeeendas - não todas. As da coleção do próximo verão. Que eu só vou poder vestir numa próxima encarnação.

- As legendas do canal Multipremier são com uma fonte parecida com as de uma máquina de escrever. Corpo 6. Pra assistir só com leitura dinâmica e nariz colado no visor.

- A sobremesa: o que foi Robert Downley, Jr no "Inside the Actor's Studio"? Foi ....................... (preencham vocês. O moço falou de tudo: das drogas que cheirou/injetou/comeu/queimou/passou no cabelo até ao que é interpretar. Póf, morri, Dita).

terça-feira, agosto 14, 2007

...

Você é chamada pra fazer um trabalho por quatro meses, superbacana. Manda a proposta, a criatura regateia, você tira mil reais, ele topa, você manda de novo, e lá tá bem claro: "mais encargos".

A data de pagamento é dia 5. No dia 10, o cara te chama pra mais uma reunião, te enche de pedidos, e você discretamente pede que ele acerte (depois de fazer isso por e-mail umas três vezes). Então ele manda um e-mail pro cara do financeiro, que não responde até que você liga pra ele - e ele não acerta seu nome nem por decreto.

Depois de mandar uma ficha pra você preencher num PDF que você não pode mexer e finalmente dizer que você pode mandar o recibo via fax (que está permanentemente ocupado) você manda sua RPA devidamente preenchida, com o líquido indicando o que você combinou - o X mais encargos. Aí você descobre que não é nada disso, que não havia "encargos" e, pior, você não pode receber porque você é pessoa física, não pessoa jurídica, e como o trabalho é tocado via patrocínio pessoas físicas não podem ser contratadas - e pagas. Somente pessoas jurídicas.

Enquanto isso você recebe todos os avisos possíveis e imaginários de corte de serviços, sua empregada está em casa com a filha sem fraldas, você está übergripada e economizando suas quatro aspirinas porque sua carteira avisou que R$ 4,85 é tudo o que você tem no momento.

Alguém tem um emprego sobrando por aí? Porque, na boa, não agüento mais me humilhar pra receber o que eu suo tanto por merecer.

segunda-feira, agosto 13, 2007

Berço

É nessas horas de febre, garganta inflamada, dores nas costas e nas juntas, que eu quero minha mamãe.

segunda-feira, agosto 06, 2007

Eu confesso que...

Depois que as meninas dormem eu vou pra cozinha, escondida, comer banana com Nescau - enfiando a dita na lata do cujo.

Mais ogro, impossível.

quarta-feira, agosto 01, 2007

Página 35, duas linhas

Um dos blogs que eu freqüento é o do Mizarela. Lendo este post comecei a pensar numa prática muito comum em jornais e revistas como saída para o "E se não foi assim?".

Tipo: você acompanha a PM numa Operação Asfixia (que é como eles chamam aquela presepada de cercar a favela e subir o morro atirando). Então. Você vai, fica lá esperando o tiroteio terminar (porque quem tem que ir lá são os fotógrafos e cinegrafistas). Aí depois que a fumaça desce você cola no comandante do batalhão (aprende aí: quando entrar em morro depois de invasão da PM vira a sombra do tenente-coronel ou do coronel: traficantes não atiram nessa figura. Dá muita merda depois, se fizerem o moço de alvo).

Enfim, você cola nele e acompanha quando vem os PMs darem relatório. "Pegaram quantos?" "Uns oito, coronel. Tudo traficante, avião." E aí vêm descendo os soldados do Bope (pra quem não sabe, Batalhão de Operações Especiais - aquela divisão da PM que tem como símbolo uma caveira com uma adaga enterrada bem em cima) carregando os corpos, trilhas de sangue pra tudo quanto é lado, fuzil pra cima.

A família chora, você conversa com eles e começa a ouvir coisas do tipo "Ele tava na laje fumando escondido de mim, porque sabe que eu não gosto, a polícia chegou gritando "Perdeu! Perdeu!" e ele nem teve tempo de dizer nada: tava agachado, levantou, levou um tiro no meio do peito. Mas olha aqui a carteira dele: ele trabalha, estuda!" E coisas do tipo.

E você volta e bate a matéria, falando dos dois lados. E no dia seguinte abre e tá lá: "Segundo a PM, os mortos SERIAM traficantes a mando do gerente Fulano. Eles TERIAM atirado contra a polícia. Eles ESTARIAM envolvidos numa disputa por áreas de drogas." Sobre o que as famílias disseram, nem uma palavra.

Se não for traficante a família vai processar? Não. Alguma ONG? Quem sabe? "Mas o jornal não escreveu que era certeza; eles SERIAM traficantes". Do começo ao fim, futuro do pretérito: não apenas o tempo verbal, mas uma certeza, se não tivesse ficado pra sempre no passado: "Morto durante a invasão da favela pela polícia, estava estudando para fazer o vestibular e tentar uma vaga numa faculdade"; "Tinha começado a trabalhar num escritório como contínuo, mas queria mesmo era estagiar na área de informática".

Você lê isso no dia seguinte, nos jornais?
Eu nunca li.