sexta-feira, dezembro 29, 2006

...



É como um formigamento que sobe por baixo da pele, e aí começo a sonhar com coisas estranhas, pessoas que jamais encontrei e que, subitamente, durante a noite, tornam-se tão importantes que, quando eu acordo, sinto uma falta enorme, uma saudade completamente inexplicável.

Nessa época, eu evito dormir. Me remexo na cama, chuto os lençóis, tento ler, ouço música, me deito na rede, fico horas na banheira, lembro muito, lamento bastante.

Queria que, um dia, isso não mais acontecesse. Que alguém fizesse com que isso não mais acontecesse. Que isso não fosse mais necessário acontecer.

quinta-feira, dezembro 28, 2006

Minhas fotos prediletas VIII



Truman Capote, by Irving Allen

Além de ser um escritor maravilhoso, é o protagonista de um dos filmes mais hilários de todos os tempos: "Assassinato por morte".

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Jazz, R & B, Soul. Depois de rock pesado e progressivo, uma pausa pra falar com Deus... e o Diabo.

quarta-feira, dezembro 27, 2006

Chiquerésima



Quando eu saio com amigos, eu me visto... bem, eu me visto como gente. À exceção de um amigo. Ele é muito meu amigo. Ele é rico. E ele é lindo. Mas ele tem um graaaaande defeito: é casado.

Sim, Deus sabe ser cruel às vezes. Retomando: quando eu saio com esse amigo (geralmente pra almoçar), eu sempre capricho no visual. Boto um vestido bonito, minhas lentes de contato, chego às vezes ao requinte de fazer as unhas. Não é porque ele sempre almoça (e paga, que ele é um cavalheiro e não tem dessa de dividir a despesa) em restaurantes muuuito bons. Mas como ele é de fazer cabeças se virarem, eu me sinto meio que em situação inferior.

E não venham com essa história de "Mas que bobagem". Quero ver quem nunca disse "Olha que gato (ou gata) mas a criatura que está com ele... Credo! O que será que ele (ou ela) viu naquilo?".

Pois então: como eu adoro esse meu amigo, eu vou beeeem caprichada, que é pra não fazer feio. Porque ele é lindo. Educadíssimo. Finésimo. Se veste muuuito bem. É canceriano (e não, ele não é gay. Ele só é a criação do imaginário coletivo feminino :o)

Sim, Deus sabe ser cruel às vezes.

Filosofia de cadeirinha

[Catatau, sem parar de tirar a roupa da Barbie nova]:

Um coração é uma bola cheia de sonhos.
Não é, mamãe?

terça-feira, dezembro 26, 2006

666

O nickname do diabo é Download.
Pode crer.

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Se um gosto, uma cor, um cheiro me definisse nesse momento da minha vida, eu diria que tudo se concentra em... canela.

Não me perguntem o porquê.

Minhas fotos prediletas VII



"Dr. Ceriani with a injured child", by Eugene Smith, 1948

Uma tese romanceada



Não se esqueça, Zeem, os olhos não se limitam a ver, eles faíscam como os dentes. Um cordão de pérolas costuma ser visto como uma fieira de dentes sorrindo. Na linguagem de Homero, em grego jônico, há dois verbos "ver" principais. Um deles é theorein, a palavra de onde veio "teoria", e ainda é usado para significar "ver", em grego moderno. O outro é drakein, do qual os gregos, e nós também, derivamos a palavra "dragão", a criatura mítica lançando chamas, a princípio, dos olhos.

O olho do dragão lança seu ataque ao olho do observador e fixa sua visão admirada, da mesma forma como um tubo de batom capta o olhar enquanto este se depara com a cor fluindo com precisão ao longo da linha cruel do lábio. Ver teoricamente não é em absoluto a mesma coisa que ver dragonicamente, isso é, lançando um lampejo de fogo de seus olhos cheios de seiva, ou de amor.

Uma teoria pode ser a especulação mais ideal, o modo mais fraco de olhar as coisas, mera suposição ou hipótese, como quando você diz: "Eu tenho uma teoria sobre por que John e Helen estão se divorciando." Ou quando você diz: "Eu tenho uma teoria sobre jóias."

Richard Klein, "As jóias falam"
Editora Rocco, 2004

Embaixo da árvore



E eu ganhei, num sorteio promovido pelo Luís Fernando, um CD de Chet Baker. Logo eu, que jamais acertei palpite algum em rifas ou sorteios, recebi um belo presente de Natal :o)

RIP

Já é de praxe: sempre que fico muitos dias sem acessar a internet ou ler jornal ou ver algum noticiário (que eu não vejo nunca - no Cartoon não tem telejornal), um monte de gente morre. Em três dias foram dois: James Brown e Braguinha.

Me lembro um dia em que cheguei na redação e o primeiro ministro de Israel tinha sido morto na frente do mundo inteiro. "Yitzhak Rabin morreu? Hein?". Só soube que Leda Collor tinha passado dessa pra melhor quando bati o olho no anúncio fúnebre. Da missa de um mês. Na redação do jornal todo mundo tinha medo quando eu folgava: "Ai, a Suzana não vem e a gente vai dobrar porque alguém importante vai morrer."

É por isso que não tiro férias faz oito anos.

Moro num país tropical

Eu trabalho de janelas fechadas - a persiana puxada pra dentro, para o sol não bater na tela do computador. Acabei de ter os tímpanos perfurados por um trovão. Fui até a janela da sala - um janelão de vidro, de parede a parede - e olhei à esquerda, e o céu estava limpo, com poucas nuvens. Então, olhei à direita... para descobrir que Niterói tinha sumido no meio da mais cinzenta nuvem de chuva que eu não vejo há tempos.

Juro. A cidade desapareceu. Tem uma parede nebulosa encobrindo a vista da baía e da cidade. O pé d'água que está caindo lá deve ser fenomenal.

Um bote, Cris?

Meu Natal



Como se descreve o barulho que os passos que uma criança fazem? Não dá para ser "tum, tum, tum". Crianças de sete anos são leves (pelo menos, a minha é :o). É um som mais leve, como "tap, tap, tap". Os pés descalços fazendo um ruído delicado. Quase imperceptível.

Não deveria, esse barulho, fazer meu coração disparar. Mas faz. Todo ano. E quando Zé Colméia acorda de manhã cedinho, no dia 25, tropeçando naquela poeirinha de sono que ela ainda não conseguiu soprar dos olhos, eu instantaneamente acordo, mas finjo que não. Meu coração começa a bater cada vez mais forte. E ela passa por dentro do meu quarto, "tap... tap... tap..." Vai meio que dormindo, meio hesitante. E ela chega na sala. "tap... tap... tap... tap." Por segundos ela pára. E eu imagino os olhos crescendo. E aí ela corre - "tap! tap! tap! tap! tap!"

"Mamãe! Acorda! Vem ver o que Papai Noel trouxe! Tem um monte de pacote embaixo da árvore! Ai, vou chamar a [...]!" E sai correndo - "tap! tap! tap! tap! tap!".

Às vezes eu acho que vivo o ano inteirinho só para ouvir isso - os passos cautelosos da minha filha em direção à sala, o momento mágico em que ela vê a árvore iluminada e com a base transbordando de presentes, e a corrida feliz contando pra todo mundo, a voz jorrando de excitação: "Papai Noel trouxe moooontes de presentes! Acorda, mamãe! Acorda!"

E aí tudo vale a pena, o que quer que seja.
Tudo vale a pena.

Seis meses



Julia e José. Poderia ser Maria e Paulo. Eles se amam, mas não é suficiente. Amar não é suficiente, amar complica. Amar exige mais do que dar ou receber. Amar aumenta a fome do silêncio, o silêncio da fome. Há um tempo em que se pede tempo, em que duvidamos do que é mais autêntico, não aceitamos a vida com facilidade, que dar certo pode ser muito errado. Vi muita gente que se deprimiu de felicidade.

Os dois se separaram por amor. Estranho isso. Talvez seja o que nunca foi dito, porque um dos dois pensava que não era necessário. Quando se ama, a gente acredita que não é mais necessário dizer as palavras, mas é tão necessário quanto não dizê-las. Hoje, apartados, ambos se telefonam como cúmplices, pedem conselhos, conversam sobre seus filhos de uma forma que ninguém entende, exceto eles. Nem os filhos entendem o quanto de alegria significa para eles ter filhos. Pureza dos dois, que falam a mesma coisa de um jeito diferente e não se perguntam para não coincidir as respostas. Palavras cruzadas, feitas em dupla, terminam com rapidez e não tem graça.

Os dois querem provar um para o outro quem é mais sensível e de tanto sensibilidade eles não se permitem sentir. A treva não é trégua, o descanso não é paz, a ave não é vidro, o vitral é tão bonito porque já nasce em pedaços. Julia, que poderia ser Maria, quando tem insônia dorme com os filhos. Dormir com os filhotes cura insônia, me diz. O abajur da respiração vai espantando o escuro do medo mais do que o medo do escuro. Julia é afeiçoada aos detalhes e se antecipa antes de sofrer mais. José, que poderia ser Paulo, sofre adiantado para não se antecipar. Ele foi criado em um universo feminino (mãe e avó), derramado entre as palavras de mulher e as mulheres de palavra. Deixa o mundo correr para depois arrumar a sala. Julia não espera o tempo de arrumar a casa, arruma a casa enquanto o mundo corre. Julia não quer esperar, José espera para querer.

Eles se amam e não acreditam que nada pode separá-los, a não ser eles e seu excesso de amor. Eles se amam a ponto de desfrutarem do direito de criar distância. O cansaço não usa disfarces, o ciúme não escuta desculpas, prevenir não é se defender, enlouquecer é atrasar o desencontro, regressar é não ter saído. Julia nunca será ex-mulher de José. José nunca será ex-marido de Julia. Eles não podem ser o que desconhecem, nem deixar de ser o que foram. Os dois se preservam, se protegem, como se o segredo fosse algo que esqueceram e nenhum conta que esqueceu por estar esquecido. Esquecer saliva os olhos. Não entendem o motivo da separação porque não acharam um sentido para a convivência, como se fosse preciso ter sentido. A ausência chama mais atenção.

Eles se dedicaram a inventar um dialeto, mas perderam o contato com o próprio idioma para traduzi-lo. Dividiram a vida para perceber depois que a vida fica dividida. Reconstruir o que não desmoronou não adianta. Julia e José. Poderia ser Maria e Paulo. Os nomes não mudam o que foi doado. Mesmo a árvore mais desatenta cuida da estrada.

Fabrício Carpinejar

sexta-feira, dezembro 22, 2006

Depois



A gente quer ir pra Paris, Barcelona ou Nova York. Ou, quem sabe, Lisboa e Milão. Quer finalmente deslanchar no inglês, no francês, no italiano. Deseja ter tempo pra ouvir CDs, ler livros finalmente, botar em dia os DVDs que ainda vamos comprar. A gente quer entrar na loja e nem perguntar o preço: "Eu vou levar". Queremos bater os olhos em alguém e sentir aquele friozinho na barriga - e ter certeza que o outro também sentiu. A gente espera que os olhos dos filhos brilhem ao rasgar o papel de presente (sim, eles não são da geração "Não rasga o papel que eu quero guardar!"). Damos todo o crédito a Papai Noel por ter acertado que era AQUELA Barbie, de sapato verde, e não AQUELA Barbie, de sandália vermelha.

Queremos ter certeza que no fim do mês não vem um "menos" na frente do saldo; queremos que todos raspem os pratos - e tenha sempre algo muito bom e gostoso neles. Desejamos de todo o coração que ele (ou ela) abra aquele sorriso luminoso e generoso ao nos olhar (e não apenas ao nos ver). Sonhamos com janeiro e o auge do verão; com fevereiro, e aí vem o carnaval e as aulas começam. Abril já traz aquele vento fresquinho, anunciando junho e julho - e aí você pensa que será que dá para passar um fim de semana na serra, no sítio, em casa abraçado?

Você pensa como será agosto - mês do desgosto, mas quem não aposta que será diferente? Vai ser, sim. Porque setembro tem feriado, outubro também, e novembro, e estamos na primavera, dias lindos de céu claro, sem nuvens, e com aquele calor que esquenta, não incendeia (o que quer que seja).

E dezembro chega, e você suspira - chegamos a mais um fim. Mas não tem fim quando temos amigos que, mesmo sem nunca termos encontrado pessoalmente, nos mandam mensagens engraçadas, animadoras, implicantes, agressivas até (e faz parte de qualquer amizade que pretende durar muito e muito tempo), preocupadas, inquisidoras, amorosas, poéticas.

Amigos que mandam também afeto, carinho, preocupação, desejos, ambições, repreensões, orgulho, preconceitos, amores, culpas, ânimo, alucinações e concretudes.

Eu ganhei muitos e muitos amigos este ano. Ganhei muito mais coisas que poderia sequer desejar ou esperar. Uma parte muito grande do que tenho hoje devo a quem sempre teve uma palavra pra mim, seja ela qual fosse.

A gente espera sempre que os amigos não sumam.
Isso é o que eu desejo de Natal. Por favor, em 2007 não sumam.

De mim, da Zé Colméia e da Catatau, beijos para todos, bom feriado. A gente se vê depois.

quinta-feira, dezembro 21, 2006

Minhas fotos prediletas VI



Their first murder, New York City, October 9, 1941, by Weegee.

Quando a excitação dos espectadores é mais interessante que a cena do homem assassinado.

Plenitudes



Medo de me machucar (de novo, de novo, e de novo) é o que me impede de simplesmente tirar aquela placa de "Fui almoçar. Volte mais tarde. Obrigado" da minha testa. Principalmente agora que consegui, finalmente, me reerguer financeiramente; que estou montando meu negócio; que estou curtindo plenamente minhas filhas, minha casa, minha vida.
Mas o paradoxo é que, sem alguém do meu lado, "curtir a vida" vira uma expressão meio vazia - porque uma das coisas que me dão mais prazer é dividir. E algumas coisas não posso compartilhar com as meninas.

Na próxima encarnação



... além de ter pescoço comprido, eu quero ter olhos verdes e um cabelo nesse tom de vermelho.
Assim mesmo. Cacheado e brilhante.

quarta-feira, dezembro 20, 2006

Programa da Besta

LimeWire: antes eu era apenas viciada em baixar músicas. Agora eu estou completamente dependente dos vídeos. Neste exato momento, além de estar baixando quatro ao mesmo tempo, estou com um DVD inteiro na fila.
Culpa sua.
Mania do diabo, isso sim.

It won't be you



A brincadeira é responder ao questionário com o título de suas músicas preferidas. Como estou vintage, Journey foi a banda escolhida (com aperitivos de autoria de Steve Perry):

Você é homem ou mulher?
I Am.

Descreva-se:
Walks like a lady

O que as pessoas acham de você?
Lady Luck

Como descreveria seu último relacionamento?
Separate ways (Foolish heart)

Descreva sua relação com seu namorado atual ou pretendente:
I stand alone

Onde você queria estar agora?
City of the angels

O que pensa a respeito do amor?
Don't stop believing (For the love of strange medicine)

Como é a sua vida?
Just the same way

Se pudesse ter concedido um desejo, o que pediria?
Open arms - Sweet and simple

Escreva uma frase sábia:
Be good to yourself (you should be happy); listen to your heart.

Agora diga tchau:
Go away

Roubei daqui :o)

terça-feira, dezembro 19, 2006

Bate coração



Ontem de manhã, durante o batizado das meninas, meu pai chorou, pela terceira vez na vida (Catatau também. A madrinha sussurrava: "É de emoção". Ela, no meu colo, soluçava: "Meu vestido tá todo molhado!").
Eu não chorei. Não consegui. Só agradeci por ter tantas pessoas que amam a mim e às minhas filhas, e que estavam lá para desejar, de coração, que elas fossem felizes e abençoadas.

À tarde, na formatura da Zé Colméia, achei que o rosto da minha pequena fosse rachar de tanta felicidade, quando ela foi chamada ao palco para receber o canudo. Vestido e sapatos brancos, com a beca e o capelo azul-escuro. Catatau urrava lá em cima, no balcão do teatro, aplaudindo a irmã, acenando e gritando o nome dela.

Minha pequena estava feliz. E eu, mais ainda.

domingo, dezembro 17, 2006

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A gente sabe que está começando a ter serenidade quando come apenas uma fileira daquele tablete mega de Alpino.
E só isso basta. Seja em que situação for.

sexta-feira, dezembro 15, 2006

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Às vezes, a gente precisa trocar de brincadeira para continuar se divertindo.

Anjinhos :o*



Esse é o padre do mês do meu aniversário, no Calendário Romano 2007.
Agora diz: como o Vaticano vem depois com aquele papo de "não pecar contra a castidade"?
Enche a vitrine de guloseimas e depois tasca aquele cartaz de padaria: "Favor não tocar nos doces"?
Então, tá.

* Dica da Maura.

Trabalho x emprego

- Oi, é a Fulana.
- Diga.
- Ah, é que o texto que você mandou revisado... Você cortou algumas coisas, não é?
- Cortei, sim. O texto tem que ser informativo e jornalístico. Ele vai para a imprensa, que não quer saber que os quartos dos hotéis foram "suntuosamente reformados para oferecer aos hóspedes um período relaxante e prazeiroso durante sua estada na Cidade Maravilhosa, mantendo sempre abertas vias de acesso fáceis para os principais pontos turísticos do Rio de Janeiro."
- Mas era o texto aprovado. Agora o gerente vai ser obrigado a ler tudo de novo porque você modificou.
- Eu não modifiquei, eu cortei. O que sobrou já está aprovado.
- Sim, mas eles agora vão ter que ler tudo e aí vai demorar! Você não deveria ter cortado! Era só pra você REVISAR o português, não CORTAR!

Então é assim: você tem que fazer o trabalho pra ontem e ainda precisa aceitar que passem coisas do tipo "As instituições credenciadas para os profissionais de imprensa são diferentes das instituições indicadas para os profissionais de imprensa porque as instituições credenciadas para os profissionais de imprensa mantêm pontos de ônibus oficiais para os centros de convenções e as instituições indicadas para os profissionais de imprensa não mantêm pontos de ônibus oficiais para os centros de convenções."

Isso em três idiomas (tudo traduzido ao pé da letra), para órgãos de imprensa de 22 países, incluindo Estados Unidos e Canadá.
Entendeu?

E enfim



Já foi tarde!

Horário comercial



Às vezes eu tenho a impressão que existe na minha testa, bem grande, um aviso do meu coração:

"Estou em hora de almoço. Volte mais tarde. Obrigado."

quinta-feira, dezembro 14, 2006

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Dá uma sensação estranha quando você descobre, por acaso, que seu ex-marido está traindo a mulher. É quase um... vazio existencial.

Eu sou do fog

You Belong in London

A little old fashioned, and a little modern.
A little traditional, and a little bit punk rock.
A unique woman like you needs a city that offers everything.
No wonder you and London will get along so well.

Vivendo perigosamente

Fragmentos de uma conversa com meu amigo e guru Tapa, que entre outras coisas traduz episódios de séries bacanas (mas antes que você o xingue por algum motivo relacionado a legendas ruins, atualmente ele trabalha para a TV aberta). Com a palavra, Tapa:

Agora eu estou traduzindo os CSI loucamente. Tomara que não tenha uma agência do governo espionando minha internet. Olha as minhas últimas pesquisas no Google:

'gbh estupro drogas'
'boa noite cinderela'
'submissão dominação'
'maconha sinônimos'
'cadáver putrefação cheiro'


Do blog Legendado, da Cláudia Croitor (feito sob medida pra quem é fanático por séries).

quarta-feira, dezembro 13, 2006

Retificando o post abaixo

Faz muito, muito, muito, MUITO tempo que eu não experimento essa sensação: paguei TODAS as contas e sobrou MUITO dinheiro. Comprei os presentes de Natal das meninas - e sobrou MUITO dinheiro. Comprei as roupas e sapatos das meninas para a formatura - e sobrou MUITO DINHEIRO.

Não consigo nem atinar essa idéia: dormir profundamente, sem medo de dívidas, falta de comida na mesa, Natal com as meninas suspirando, até o fim do mês.

É muito bom. Desejo isso a todos vocês. Sempre.

Happy Holiday

A impressão que eu tenho nesse fim de ano é a mesma de quando sou obrigada a enfrentar uma fila monstruosa onde, já na boca do caixa, a multidão se comprime. Pagamentos, formatura, compromissos, ex-marido querendo a festa mas não a fatura, matrícula, uniformes novos, contas, contas, contas.

A vontade que eu tenho é simplesmente passar as tardes baixando músicas na internet.
E o resto que se dane.

...

"A saudade é uma grande vontade de viver tudo de novo."

Do Luis Fernando, que sempre manda 29 beijos para a amiga :o)

terça-feira, dezembro 12, 2006

Grande dia



Semana que vem é a formatura da Zé Colméia. No meu tempo, formatura era coisa para o fim da faculdade - agora, não. Pré-escola tem formatura.
No fim do dia, fomos comprar o vestido branco. Como conheço minha pequena, deixei de lado babados, fitas e apliques e reservei de véspera na loja um meio tubinho branco, em que a parte de cima tem uns poucos apliques de canutinhos, num desenho delicado.
Ela simplesmente a-mou. Os olhos brilharam naquele meio sorriso de quem está absolutamente encantada em imaginar-se subindo ao palco usando um vestido simples, de "brilhinhos" e muitas promessas.
Não tenho nenhum pudor em confessar o quanto eu me orgulho quando acerto - e como fico feliz de, ainda, conseguir adivinhar os desejos, os gostos e os sonhos da minha querida filha.

Papo masculino

- Caneta Bic é o máximo, né?
- Cara, não tem coisa melhor do que a tampa pra tirar cera do ouvido!

sexta-feira, dezembro 08, 2006

25 de março de 2003



"Oi, querida;

Você está, desde sexta, com uma diarréia horrível, e não sei como consegue manter seu bom humor. Está sempre rindo, mesmo quando suja as roupas. Está cheia de assaduras, mas vai em frente estoicamente, sempre com aquele sorriso enchendo suas bochechas.

Nossa, como te amo! E por estes dias lamentei não ter nenhuma imagem, além daquela na minha cabeça (e que peço a Deus jamais o tempo a apague), do dia em que você viu Papai Noel pela primeira vez.

Foi na festa de fim de ano organizada por duas mães de alunos da turminha da Zé Colméia. Foi ali no Flamengo, numa rua que sai na Oswaldo Cruz. Você tinha um ano e meio, e comeu até dizer chega na festa, correu, se divertiu. Teve mágico e muitos bichinhos (como coelhos e ratinhos) mas você passou a apresentação toda levantando do meu colo, comendo e querendo passear. Estava com aquele seu conjuntinho de bermuda de sarja azul e a camisa branca, sem mangas, de algodão branca, com uma flor azul de feltro aplicada. Tão fofa e tão linda!

Quando Papai Noel entrou, você já estava meio que ressabiada da agitação das crianças maiores, que se posicionaram ansiosas. Estávamos sentadas próximas à cadeira onde ele ia se sentar. E Papai Noel entrou arrastando dois sacos de presentes. Um dos primeiros (acho que o segundo ou terceiro a ser entregue) foi o da sua irmã: uma enorme caixa vermelha de papel lustroso. Você já estava ansiosa para abrir algum pacote, ganhar algum presente, e avançou para o embrulho da Zé Colméia, que imediatamente recolheu a caixa. E você olhava em volta, procurando, esperando a sua vez, o seu pacote, o seu presente. E nada. E Papai Noel chamava as outras crianças, entregava outros pacotes.

E você desistiu. Com uma carinha séria de quem sabia que não ia ganhar nada, você se sentou, pequenina e redondinha, do lado do Papai Noel e ficou ali, assistindo à sessão de papéis de presentes rasgados, embrulhos abertos com gritos de alegria, todos correndo para mostrar o que tinham ganho. Pernas esticadas, mãos ao longo do corpo, você desistiu.

Mas o seu pacote estava lá. Foi o último. E no meio daquela gritaria, quando a ajudante de Papai Noel finalmente tirou a sua caixa do saco e gritou seu nome, a princípio você nem ouviu. Quando me viu gritando o seu nome, o Papai Noel cutucando você, a moça chamando, você se levantou daquele jeitinho roliço, cara espantada, já alvoroçada, e recebeu sua caixa!

Seu rostinho, filha, era a pura emoção. "Nossa, ganhei um presente!" E você veio para junto de mim tão feliz, aquela felicidade no meio sorriso, mas com os olhos explodindo de excitação, sem saber direito como abrir aquilo, segurando aquela caixa que não era tão grande, mas parecia ter um mundo de felicidade ali dentro. Sentamos no chão e abrimos: era um peão de alumínio, daqueles que nós, eu e seu pai, tivemos quando criança. A câmera de vídeo que estava sendo usada para gravar a festa já estava com a bateria descarregada, e eu lamentei não ter conseguido gravar aquele momento, que hoje guardo tão cuidadosamente no meu coração.

A sua expressão, minha querida, foi tão doce, tão maravilhosa, tão linda, que até hoje Papai Noel não conseguiu me trazer nenhum presente que supere aquele que eu recebi de você, naquele fim de dia, no meio de um playground já sujo de brigadeiros, no meio de uma algazarra infernal e uma gritaria incessante. No meio daquele caos, você tocou meu coração e o tempo, naquele momento, parou no seu rostinho. Obrigada, querida.
Amor, sempre, da sua

Mamãe"

Fado

Às vezes a gente sonha com umas coisas tão doidas, uns objetivos tão aparentemente inalcansáveis que, de tanto persistir, acaba parecendo simplesmente a conseqüência natural do seu esforço.
Porque, você sabe, no fim quase nada é impossível.

Post cego

Eu estou escrevendo esse post no formulário do blogger, mas há dois dias não consigo acessar o Breviário na net.

quarta-feira, dezembro 06, 2006

11 de março de 2003



"Minha querida;

Você, na sexta-feira, passara o dia inteiro bebendo mate; era o único suco que tínhamos em casa. Catatau há tempos ressonava na cama, e você aprontando no quarto. Começou "ER". Entra um paciente com prognóstico muito ruim: sofrera um acidente de carro e arrebentara a cabeça, com perda de maça encefálica. Palavreado difícil que você, obviamente, não entendeu nada, e veio o esperado "O que está acontecendo?". "Bom, o moço estava dirigindo sem o cinto e bateu ("Pow!", disse eu, espalmando a minha mão na sua testa) a cabeça. Ele se machucou muito."
E você acompanhando. "E agora?". "Ah, ele não vai acordar mais. Ele foi para o céu. E eles vão tirar o coração dele, o que tem na barriga dele, para dar para outras pessoas". Silêncio... "É assim: o moço foi para o céu, e não vai acordar mais. Em outro lugar, tem uma pessoa que está com o coração muito doente. Então, eles vão tirar o coração desse moço – já que ele está no céu e não vai acordar mais – e dar para o moço que está doente."

Mais silêncio, e você aconpanhando a perícia e as besteiras de Peter Benton, o cirurgião que estava metido na história. Começa a retirada dos órgãos. "Olha, agora eles estão tirando o coração dele". "O que é aquela bolsa?" "É onde o coração vai; eles botam bastante gelo, e botam o coração ali". "Ele vai embora?". "Não, ele vai levar a bolsa com o coração dentro até o helicóptero, está vendo? E o helicóptero vai levar o coração até o outro moço que está doente". E lá se vai o helicóptero levando o coração para ser doado, enquanto Peter Benton assume, no alto do prédio do hospital, aquele ar de heróis que cumpriram sua missão.

Acaba o filme. E você suspira, abre o maior sorriso e diz, sem desgrudar o olhar da tela: "Gostei dessa história." E seu rosto dizia que você tinha entendido perfeitamente o que tinha acontecido ali.

Televisão desligada, você me pediu que eu deitasse com você. Nos ajeitamos na cama, sua irmã dormindo profundamente, você pega minhas mãos e diz: "Não quero ir para o céu." "Ih, vai demorar muito para você ir pro céu." "Não quero que você vá para o céu." "Por quê?" "Porque aí eu não vou mais ver você." "Ah, mas vai demorar muito ainda. Olha, você não diz que fala com a vovó [...]? Então, ela já foi pro céu. E não é assim: as coisas acontecem de uma maneira certa. As suas outras vovós vão primeiro pro céu, e esperam a mamãe e o papai. Quando eu for, eu vou te esperar lá." "Ah, não quero que você vá, mamãe! E eu também não quero ir!" "Então, é isso que eu estou falando! Ainda falta muito! Você ainda vai crescer, aprender a ler, a escrever (maior sorriso: "É???!"), vai namorar, ter um filhinho, seu filhinho vai ter um filhinho... Vai demorar muito, ainda." "Vai, mamãe?", "Vai, filha, vai demorar. E a gente diz que não quer ir pro céu mas e se for uma coisa maravilhosa, linda? Com um monte de cachorros, flores, e um lugar pra gente desenhar e pintar ("É, e se for assim?", você diz), um lugar muito legal? A gente não sabe, né?"

E foi pensando nisso que você dormiu. E eu tive certeza que, essa noite, você entendeu, melhor do que ninguém, todo o amplo significado da morte: perda, saudade, dor no coração, aquele vazio horrível que a gente sente ante a perspectiva de não ter alguém querido por perto. Ter que esperar a sua vez de ir. Mas também que ela pode ser uma bênção, algo desconhecido. Você entendeu o grande enigma que a morte é para todos nós.

Amor sempre da sua,

Mamãe"

terça-feira, dezembro 05, 2006

...



Às vezes - nem sempre - o prazer vem em pequenas ondas.

Dias de cão

Algumas coisas, por ingenuidade, até, eu não consigo literalmente realizar. Do tipo: uma criatura faz coisas que acha muito natural, mas não admite que o outro faça. Outro fala coisas de uma barbaridade aterradora ("A sinceridade é tudo"), mas quando você começa a dizer certas coisas bate com o telefone na sua cara.
Quer dizer, você pode mentir, enganar, ser dono da verdade, mas o outro não? Você pode agir irresponsavelmente, a hora que quiser, mas o outro não?
A recíproca nunca é verdadeira?
Mas que confortável.

sexta-feira, dezembro 01, 2006

Foolish heart



I need a love that grows
I don't want it unless I've known
That each passing night
She'll want somehow
We'll be there ready to share

I need a love that's strong
I'm so tired of being alone
But will my lonely heart
Play the part of the fool again
Before I begin

Foolish heart
Hear me calling
Stop before you stop falling
Foolish heart
Heed my longing
You've been wrong before
Don't be wrong anymore

Feeling that feeling again
I'm playing a game I can't win
There's knockin' at the door
My heart wants more
Think I'll let her in before I begin

Foolish heart
Hear me calling
Stop before you stop falling
Foolish heart
Heed my longing
You've been wrong before
Don't be wrong anymore

Foolish heart
Foolish foolish heart
You've been wrong before

Foolish heart
Hear me calling
Stop before you stop falling
Foolish heart
Heed my longing
You've been wrong before
Don't be wrong anymore

Foolish heart
Oh, foolish foolish heart
You've been wrong before
Foolish foolish heart

Who's crying now



It's been a mystery and still they try to see
Why somethin' good can hurt so bad
Caught on a one-way street, the taste of bittersweet
Love will survive somehow, some way

One love feeds the fire
One heart burns desire
I wonder, who's cryin' now
Two hearts born to run
Who'll be the lonely one
I wonder, who's cryin' now

So many stormy nights, so many wrongs or rights
Neither could change their headstrong ways
And in a lover's rage, they tore another page
The fightin' is worth the love they save...

One love feeds the fire
One heart burns desire
I wonder, who's cryin' now
Two hearts born to run
Who'll be the lonely one
I wonder, who's cryin' now

Only so many tears you can cry
'Til the heartache is over
And now you can say your love
Will never die

One love feeds the fire
One heart burns desire
I wonder, who's cryin' now
Two hearts born to run
Who'll be the lonely one
I wonder, who's cryin' now